Diário Perdido – O título original Mères Et filles deveria ser traduzido ao pé da letra. Afinal, trata-se da relação de mães e filhas de três gerações, retratada pela visão também feminina da jovem diretora Julie Lopes-Curval. A representante da geração “intermediária” é a sempre elegante e correta Catherine Deneuve (Martine), ressentida por ter sido abandonada pela mãe (Louise), sem maiores explicações, 50 anos antes. Ela dedicou esses anos todos ao pai, falecido no ano anterior à cena do filme. Com a volta da filha Audrey (a ótima Marina Hands, numa interpretação adequadamente contida), que descobre o diário da avó, escondido num local inusitado, a história emerge e desperta emoções. O destaque mesmo fica para a lindíssima e talentosa canadense Marie-Josée Croze, que faz Louise em cenas de flashback, e chega a contracenar com a neta, em sua imaginação (ela e Marina Hands atuaram juntas em Invasões Bárbaras e O Escafandro e a Borboleta). Triste e bonito.
Javier Cámara e Lola Dueñas, em uma das cenas mais engraçadas
À Moda da Casa (Fuera de Carta) – Maxi é o dono e chef de um restaurante quase falido. Ele é meio pai de seus funcionários, que colaboram mas também atrapalham em sua tentativa de conseguir as cobiçadas estrelas do guia Michelin. Gay assumido, de repente ele se vê às voltas com a criação dos dois filhos que mal conhece, depois da morte da ex-mulher. E se apaixona por um ex-jogador de futebol, objeto de interesse da maitre Alex, que está louca para casar. Com doses de comédia e drama, principalmente nas aparições dos filhos (um adolescente rebelde e uma menina prodígio), deixa-se ver de maneira bastante agradável. Traz dois atores que filmaram com Almodóvar, ambos em Fale com Ela: Javier Cámara (Maxi), que fez também Má Educação; e Lola Dueñas, que também apareceu em Volver. Destaca, ainda, Fernando Tejero (como o irresponsável chef Ramiro) e Benjamín Vicuña (Horacio, o ex-jogador).
O Segredo dos seus Olhos – Vi enfim, na semana passada, o filme que recebeu o Oscar de melhor filme estrangeiro deste ano. Dirigido por Juan José Campanella – que circula com desenvoltura no cinema argentino e em produções de seriados norte-americanos –, traz o mais conhecido ator argentino da atualidade, Ricardo Darín, como Benjamín Espósito, escrivão aposentado que retorna ao seu tribunal para visitar Irene (Soledad Villamil), que agora é juíza. Com ela, relembra um antigo homicídio sem solução, usando como desculpa a intenção de escrever um romance a respeito. São interessantes as cenas de flashback de 30 anos antes – em plena ditadura argentina – e o clima de cinema noir, numa mistura de romance e mistério. O amor platônico dos dois, que desperta com o reencontro, é um dos pontos altos deste ótimo filme.
3 comentários:
Laila, o filme argentino é maravilhoso mesmo.
Maravilhoso !
Também amei.
Abraços, Rogerio
O Segredo dos seus olhos traz emoção à flor da pele, o tempo todo!
Agora que li teu blogue, t-e-n-h-o que ver os 3 filmes. Que coisa, menina...rs
Gosto muito do Darin e esse será o primeiro.
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