terça-feira, 30 de março de 2010

Abril vem aí, com muitas atrações - tem até curso de Butô!

Prometi aqui falar dos filmes e shows que tenho visto, mas fica para outra ocasião. Afinal, abril está batendo à porta, com novas atrações, das quais destaco apenas algumas. Sim, a maioria no Sesc, que tem programação variada e de muito bom gosto, a preços pra lá de acessíveis. Sempre é bom recomendar a compra de ingressos com antecedência...


ANDRÉ ABUJAMRA, NO AUDITÓRIO IBIRAPUERA

Líder do Karnak – banda que recebeu os Prêmios APCA e Clipe de Ouro, da MTV, nos anos 90, Abujamra é autor da música “Alma não tem Cor”, que os fãs de Zeca Baleiro – que sempre a interpreta – nem sabem que é dele... Em carreira solo, ele lançou dois CDs independentes. Como produtor, foi responsável pelo primeiro LP da Banda Vexame, e de álbuns do Pato Fu e de Tom Zé.

André Abujamra tem um trabalho sólido e bastante requisitado como compositor de trilhas de filmes, incluindo Bicho de 7 cabeças, e programas, como Castelo Rá-tim-bum. Versátil e agora magrinho, ele também atuou nos filmes Sábado, Boleiros, Castelo Rá-tim-bum, o filme, e Durval Discos. Ele se apresenta neste fim de semana, com repertório variado e, em sua maior parte, autoral.

Quando: sexta e sábado (2 e 3), às 21 horas; e domingo (4), às 19 horas.
Onde: Auditório Ibirapuera - Portão 3 do Parque Ibirapuera
Quanto: R$ 30 e R$ 15 (meia-entrada)

Foto: Thereza Barral (9/3/10 – CCBB-SP)

SÁ & GUARABYRA LANÇA O CD ‘AMANHÃ’

Trata-se do primeiro álbum composto só por músicas inéditas de Sá, Rodrix e Guarabyra desde 1973, finalizado após a repentina perda de Zé Rodrix, há quase um ano. Acompanhada de banda, a dupla apresenta também seus maiores sucessos. Eu já garanti o meu ingresso!

Onde: Sesc Vila Mariana – Auditório Paulo Autran
Quando: sábado (3), às 21 horas; e domingo (4), às 18 horas.
Quanto: R$ 7,50 a R$ 30.

PEPEU, NO INSTRUMENTAL SESC BRASIL, EM NOVA CASA

Com a reforma do Sesc Avenida Paulista, a nova casa do programa Instrumental Sesc Brasil é o amplo e confortável Teatro Anchieta, do Sesc Consolação (o antigo espaço era bem menor). O guitarrista e compositor Pepeu Gomes abre o projeto em novo local, tocando violão, guitarra, bandolim e cavaquinho, em show eletroacústico, que promete temas que fazem parte de sua formação musical, como influências de João Gilberto, Dorival Caymmi e Paco de Lucia. No programa, homenagens a seus grandes mestres, como Valdir Azevedo, Jacob do Bandolim, Pixinguinha e Ary Barroso. Pepeu apresenta-se acompanhado de Jorge Gomes (bateria), Davi Moraes (guitarra), Rannieri Oliveira (teclado) e André Gomes (baixo).

Onde: Sesc Consolação – Teatro Anchieta
Quando: segunda, 5 de abril, às 19 horas.
Quanto: GRÁTIS – programe-se para chegar cedo, porque será concorrido!

Foto de 2008, na Choperia do Sesc Pompeia

CÉLIA CANTA ADONIRAN

O projeto Salve o Compositor traz, na próxima semana, Célia Canta Adoniran. Em meio a histórias sobre Adoniran, a simpática e talentosa Célia presenteia o público com algumas pérolas do mais paulista dos compositores.

Onde: Auditório do Sesc Pinheiros (3º andar).
Quando: quarta e quinta (7 e 8), às 20 horas.
Quanto: R$ 3 a R$ 12

IZZY GORDON LANÇA CD

Filha de Dave Gordon e sobrinha de Dolores Duran, a cantora Izzy Gordon, quando criança, via em sua casa figuras essenciais da MPB, como Jair Rodrigues, Tim Maia, César Camargo Mariano, Rita Lee, Wilson Simonal e muitos outros. A referência familiar esteve presente em seu primeiro CD, em homenagem à tia famosa. Agora ela lança o segundo (embora já tenha 20 anos de carreira), “O que eu tenho a dizer”, em show apresentado em várias cidades do Brasil e nos principais festivais de jazz e blues do país. No repertório, uma canção inédita de Sergio Dias (dos Mutantes) de músicas de dois jovens compositores mineiros (Pedro Moraes e Magno Mello), e de João Suplicy, Giana Viscardi, entre outros.

Onde: Sesc Pompeia
Quando: quinta (8), às 21 horas.
Quanto: R$ 4 a R$ 16

Foto de show no Sesc Pompeia (set/2009)

MÁRCIA LOPES CANTA MÚSICAS DO CD ‘BONITA’

Ex-integrante da banda Música Ligeira, a cantora apresenta canções do CD “Bonita”, em lindas interpretações, com roupagem toda própria para clássicos como Sabiá (Tom Jobim/Chico Buarque), O Mundo não se acabou (Assis Valente), She’s Leaving Home (Lennon-Mcartney), Joana Francesa (Chico Buarque), Boneca de Pixe, e o fado Que Deus me Perdoe (Silva Tavares/Frederico Valério). Acompanhada de Mario Manga, Fabio Tagliaferri (ambos, também do Música Ligeira), Adriano Busko e Daniel Nakamura.

Onde: Sesc Pinheiros – Auditório do 3º andar
Quando: quarta (14) e quinta (15), às 20 horas.
Quanto: R$ 3 a R$ 12

Confira endereços e telefones das unidades no Portal Sesc.

Foto: divulgação

‘O DANÇARINO NÃO DEVE DANÇAR, MAS SER DANÇADO’

Aqui, uma dica superdiferente, que achei interessante, principalmente depois de ter visto o belíssimo filme alemão Hanami (ainda em cartaz nos cinemas), que traz o artista japonês do butô, Tadashi Endo. É ele quem dará este curso de butô, em meados de abril. É bom conferir se ainda há vagas.

Tadashi Endo, aluno do grande dançarino Kazuo Ohno, encontrou seu caminho na dança no que ele chama de ‘Butoh-MA’. Através de trabalhos práticos, individuais e em grupo, com exercícios criados pelo próprio Endo, e outros com influências do teatro clássico japonês, os participantes terão a oportunidade de vivenciar elementos do butô, com suas dinâmicas de tempo e ritmo, variação espacial dos movimentos, a transformação de imagens em movimento e as diferentes qualidades de energia.

Com um mínimo de movimentos e muita expressão dos sentimentos, a intenção do dançarino de butô é encontrar a relação com seu mundo mais profundo, a partir de uma forma peculiar de trabalhar a face e o corpo. Especialmente indicado para atores e bailarinos.

Quando: 16 a 20 de abril (sexta a terça).
Onde: Sala Crisantempo – Rua Fidalga, 521 – Vila Madalena
Mais informações: (11) 3819-2287, ou no site da produtora Périplo.

sábado, 27 de março de 2010

Mais uma grande dica de última hora!

Esta dica quase esquecia de compartilhar. Trata-se de um grande show pela SÉRIE ENCONTROS, do Sesc Vila Mariana. Vejam que grandes participações: Silvia Góes Quarteto, Dominguinhos, Bia Góes e Liv Moraes. Eu iria, se não fosse ao Cantoras Dissonantes hoje e amanhã...

O show reúne a diferença de estilos entre os protagonistas Silvia Góes Quarteto (choro e jazz brasileiro) e Dominguinhos (xote e o baião nordestino). Apresentam repertório composto por artistas como Pixinguinha, Johnny Alf, Dona Yvone Lara, Cartola, Milton Nascimento, Tom Jobim, Baden Powell, Dorival Caymmi, Jacob do Bandolim e Luiz Gonzaga. Participações especiais das filhas dos protagonistas, Bia Góes e Liv Moraes.

Onde: SESC Vila Mariana - Rua Pelotas, 141
Quando: hoje, às 21 horas, e amanhã, às 18 horas.
Quanto: R$ 7,50 a R$ 30

CONFIRA PELO TELEFONE 5080-3000 se ainda há ingressos disponíveis...

Livros, exposição, shows... tudo neste fim de semana

Estou em dívida com meus leitores, deveria ter passado antes estas dicas, que agora viraram de última hora...

Tenho trabalhado bastante, e no tempo livro tenho ido ver shows e filmes, e prometo para amanhã um post a respeito. Não tenho ido a exposições, mas aqui passo dicas de uma delas, e de um lançamento triplo de livros históricos interessantíssimos.

TRÊS LIVROS DA IMPRENSA OFICIAL NA PINACOTECA DO ESTADO

As obras se destacam pela temática diversificada e rica iconografia, todas contando, cada qual em seu estilo, um pouco da história do Estado de São Paulo: “Raízes: Árvores na paisagem do Estado de São Paulo”; “1924 – O Diário da Revolução: os 23 dias que abalaram São Paulo”; e “Arte Brasileira na Pinacoteca do Estado de São Paulo – do Século XIX aos anos 1940”.

“Raízes...” tem 60 fotografias de espécies arbóreas clicadas por Valdir Cruz em 30 cidades paulistas; “1924...” traz fotos históricas e um relato preciso do autor, Duarte Pacheco Pereira, sobre os 23 dias de combates entre jovens oficiais rebelados na capital paulista e tropas federais; e “Arte Brasileira...”, organizado por Taisa Palhares, mostra alguns dos principais trabalhos da instituição sob o olhar de especialistas.

Quando: hoje (sábado, 27), às 11 horas.
Onde: Pinacoteca do Estado – Pça da Luz, 2.
DICA: aproveite para ver as exposições, dentre elas a inauguração da mostra de 30 fotografias da obra de Valdir Cruz.
Quanto: hoje é de graça!

Divulgação

MAUREEN BISILLIAT NA FIESP

Continua, no Espaço Cultural Fiesp, a exposição “Maureen Bisilliat: Fotografias”. A mostra revela tanto a fotógrafa como a editora de imagens e textos, Maureen Bisilliat – muito ativa aos 79 anos. Seus ensaios fotográficos mais conhecidos – o universo de Guimarães Rosa, sobre os índios do Xingu – realizado em estreita colaboração com os irmãos Villas-Boas –; os sertões de Euclides; as caranguejeiras – equivalência fotográfica do poema de João Cabral de Melo Neto –, bem como outros temas, tratam sempre de temas significativos. Alguns deles estão nesta mostra, além da projeção de Xingu/Terra, documentário feito na década de 1980 por Maureen Bisilliat e Lúcio Kodato, rodado na aldeia mehinaku, no Alto do Xingu.

Quando: até 4 de julho, de terça a sábado, das 10 às 20 horas; domingos, das 10 às 19 horas; segundas, das 11 às 20 horas.
Quanto: ENTRADA FRANCA
Onde: Fiesp – Avenida Paulista, 1.313 – Telefone: (11) 3146-7405.

MÚSICA LIGEIRA - FILME E POCKET-SHOW

Como parte do In-Edit Brasil, Festival Internacional do Documentário Musical, o filme Música Ligeira, dirigido por Teixeira em 2006, conta a história do grupo Música Ligeira, desde o começo da carreira até o último show, no Sesc Pompeia. Produzido por Fernando Meirelles, traz depoimentos de fãs, como o próprio produtor, além de Caetano Veloso, Zuza Homem de Mello, Washington Olivetto e Maurício Kubrusly, entre outros.

A apresentação do documentário será seguida de pocket-show com Mário Manga e Fábio Tagliaferri, ex-integrantes do Música Ligeira, ao lado de Danilo Moraes e das cantoras Márcia Lopes e Laura Lavieri, que revisitam o repertório do grupo.

Quando: hoje, às 19h30.
Onde: Museu da Imagem e do Som (MIS) – Avenida Europa, 158 – Telefone: (11) 2117-4777
Quanto: GRÁTIS - distribuição de ingressos uma hora antes

JAZZ SINFÔNICA & ALDO LÓPEZ-GAVILÁN

Sob a regência impecável de João Maurício Galindo, a Jazz Sinfônica se apresenta neste fim de semana tendo como convidado o jovem Aldo López-Gavilán, que traz ao piano sua sonoridade caribenha. O concerto autoral desenha a trajetória rica e consistente desse artista que, com apenas 30 anos, conta com cinco álbuns gravados, ao vivo e em estúdio, e incontáveis aparições em sua Havana natal e em todo o mundo. Além das composições para piano, orquestra e trilhas sonoras para cinema, Aldo também desenvolve seu trabalho no campo da experimentação, e atualmente se dedica à preparação de seu primeiro DVD, Más Allá Del Ocaso.

Quando: hoje, às 21 horas
Quanto: R$ 30 e R$ 15 (meia-entrada)
Onde: Auditório Ibirapuera – portão 3 do Parque do Ibirapuera
Informações: (11) 3629-1075

SOLISTAS DISSONANTES, NO SESC PINHEIROS

O lançamento do livro já foi, mas os shows são neste fim de semana - verei os de hoje e amanhã. Confira no folder e ligue antes, para saber se ainda há ingressos.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Dicas diferentes para o fim de semana


Para este fim de semana, a dica de um espetáculo lúdico, cheio de trocadilhos, em seu nome e no do grupo realizador: Tu Toca O Quê?, pelo Grupo Tiquequê, que promete uma longa temporada no Teatro Alfa, começando neste sábado.

É uma mistura de música, brincadeiras, dança, teatro e contação de história, em que o grupo utiliza instrumentos tradicionais e outros construídos por seus próprios integrantes. Cada canção é desenvolvida a partir de uma proposta cênica, como uma coreografia inspirada em alguma brincadeira popular, ou em uma dança tradicional, ou simplesmente numa movimentação decorrente da percussão corporal.

No repertório, além de composições próprias, o grupo traz canções contemporâneas, contos populares e cantigas de roda, em uma fusão que encanta não só as crianças, mas também seus pais e avós, de maneira moderna e original.

Quando: de 20 de março a 2 de maio – sábados e domingos, às 17h30
Onde: Teatro Alfa – Sala B (Rua Bento Branco de Andrade Filho, 722 – telefone: 5693-4000
Quanto: R$ 12, para crianças até 12 anos; R$ 24, para adultos
Como comprar: pelos telefones 5693-4000 e 0300-789-3377. Para mais informações, clique aqui.


IN EDIT BRASIL – FESTIVAL DO DOCUMENTÁRIO MUSICAL

Volto a indicar In-Edit Festival Internacional do Documentário Musical, que se realiza, entre outros locais, no Auditório Ibirapuera.

Confira a programação:

Sábado, 20 de março

17h30 – Beyond Ipanema - Guto Barra, Brasil-EUA, 2009, 89’

19h20 – Dzi Croquettes - Tatiana Issa e Raphael Alvarez, Brasil, 2009, 110’

21h30 – Meu Amigo Cláudia - Dácio Pinheiro, Brasil, 2009, 86’

Domingo, 21 de março

16h00 – Bezerra da Silva - Onde a coruja dorme - Márcia Derraik e Simplício Neto, Brasil, 2010, 72’

17h30 – Mamonas para Sempre – o Doc. - Claudio Kahns, Brasil, 2009, 90’

19h20 – Seu Jorge: América Brasil, o documentário - Pedro Jorge e Mariana Jorge, Brasil, 2009, 103’

Quanto: R$ 10 e R$ 5 (meia-entrada).
Onde: Auditório Ibirapuera – Parque do Ibirapuera – portão 2

Para a programação completa do evento que termina dia 28 em São Paulo (e começa dia 2 de abril, no Rio), clique aqui.

1.001 MULHERES

Eu não poderia deixar de falar do Sesc. Este é um projeto sobre o qual estou lendo agora, e não sei se ainda se encontram ingressos, por isso é bom ligar antes.

Trata-se do Uirapuru Latino-Americano, em homenagem a Mercedes Sosa – um dos símbolos da luta pela democracia na América Latina – com participações especialíssimas: Monica Salmaso, Renato Braz, Cida Moreira, Marcia Castro e o compositor argentino Coqui Sosa, sobrinho de Mercedes. O show contará também com a participação dos músicos que acompanhavam a cantora.

Onde: SESC Pinheiros – Rua Pais Leme, 195 – Telefone: (11) 3095-9400
Quando: hoje (19) e amanhã, às 21 horas; domingo, às 18 horas.
Quanto: R$ 5 a R$ 20

terça-feira, 16 de março de 2010

O cinema negro norte-americano


Tenho pilhas de fitas de filmes que gravo e vou assistindo quando posso, quatro a cinco filmes em cada fita. Só ontem conseguir assistir a um filme que passou há uns meses no TCM, O Sol tornará a brilhar (1961). O atrativo era a presença de Sidney Poitier, o primeiro ator negro que ganhou papéis principais. Na filmografia que conheço dele, destacam-se papéis em que luta contra o preconceito racial – acirradíssimo nos EUA dos anos 60, quando ele a carreira dele estava no auge. Ele é mais conhecido por Ao Mestre com carinho (1967), em que interpretava um professor que conseguiu, com muita luta, controlar seus rebeldes alunos. Depois desse, muitos filmes sobre o tema surgiram – recentemente, vi um com Antonio Banderas, que conquistou fãs de rap com danças de salão.

Sidney Poitier sempre fez o bom moço – pelo menos depois de Ao Mestre..., que naquele ano lhe rendeu mais dois filmes, Adivinhe quem vem para jantar e No Calor da noite. Não é o caso de O Sol tornará a brilhar, em que interpreta o personagem Walter Lee, um motorista particular que vive num cubículo com a mulher, dois filhos e a mãe. A casa é da mãe, que está para receber uma bolada do seguro do marido, falecido recentemente, e quer construir o "futuro da família". Claro que Walter Lee está de olho no dinheiro dela, para investir num negócio de bebidas, que seria a conquista de sua independência. A encenação é bem teatral – gosto disso no cinema –, fotografia em preto e branco e ótimo elenco, dos quais estão vivos somente o próprio Poitier, hoje com 83 anos, e a atriz que faz sua esposa, Ruby Dee, ainda ativa em filmes para a TV e cinema, aos 85 anos. Há alguns anos, Poitier foi homenageado em um Oscar por sua carreira, mas não soube mais dele.

Spike Lee e Denzel Washington

Em minha opinião, Sidney Poitier foi o desbravador do que hoje se pode chamar de “cinema negro”. Eram relativamente tímidas suas atuações em personagens que discutiam e enfrentavam questões racistas. Claro, muito ousadas para a época. Mas foi Spike Lee quem trouxe à tona toda essa efervescência, em filmes que retratavam a ferro e fogo os conflitos entre brancos, negros e latinos. Em Faça a Coisa Certa (1989), recebeu uma indicação ao Oscar de Melhor Roteiro Original e Melhor Diretor. Ganhou menção especial no Festival de Cannes pelo ótimo Febre da Selva (1991).


Em A Última Noite (2002), que acho excelente e não deve ser confundido com o de Robert Altman, bem diferente, Spike Lee começou a mostrar outras questões, como o último dia de um homem antes da prisão. O Plano Perfeito (2006) trata de um engenhoso assalto, que deve ser desvendado pelo “herói” Denzel Washington (aqui, os papéis se invertem: o vilão é o branco Clive Owen). Aliás, Denzel e Wesley Snipes, que começaram com Spike Lee, hoje só têm feito papéis de heróis em filmes de ação. Denzel, com seu charme e elegância, poderia ser o herdeiro cinematográfico de Poitier. Será? Aproveite para comparar as fotos acima...

Pena que Milagre em Santa Anna (2008) – que retrata a guerra sob o ponto de vista dos soldados negros – tenha sido tão maltratado aqui no Brasil, onde passou pouquíssimo tempo nos cinemas e ainda não consegui assistir. Surgiu depois de Cartas de Iwo Jima e a Conquista da honra (2006), de Clint Eastwood, que também retratavam a guerra sob diferentes pontos de vista e foi muito mais divulgado.

Claro que o cinema negro norte-americano tem outros destaques, principalmente em temas e atores, mas disso tratarei em outra oportunidade.

domingo, 14 de março de 2010

Baby, Elza e Ademilde, mais homenagem a Glauco

Graças ao “santo Sesc”, fui ver 13 shows só este ano até agora, e apenas três não foram lá. Afinal, com os preços que estão por aí, está impossível ir a casas de shows e teatros.

O 13º foi ontem, com a reunião de cantoras de três gerações: Baby do Brasil, Elza Soares e Ademilde Fonseca, no Sesc Vila Mariana. Foi uma emoção só. Ao final da apresentação de cada uma, todos do lotado teatro aplaudiram de pé. No bis, as três cantaram Brasileirinho, como não podia deixar de ser.

Ademilde, como bem lembrou o amigo Pituco, cantou nos anos 70 uma música de João Bosco & Aldir Blanc feita em sua homenagem, “Títulos de Nobreza”, um choro cuja letra (abaixo) reúne brilhantemente títulos de diversos choros. Foi assim que, adolescente, conheci a “dama do choro”. E sei que, infelizmente, pessoas da minha geração e principalmente mais jovens nunca ouviram falar nela. Na mesma época, a dupla homenageou Ângela Maria com o bolero “Miss Suéter”.

Hoje, aos 89 anos e com as óbvias limitações da idade – ela mesma admitiu que não tem mais as mesmas cordas vocais de antes e nem a velocidade que cantar um choro exige – Ademilde fez bonito em sua participação especial. Baby estava supercomunicativa, falante e cantando muito bem, embora tenha alongado demais algumas interpretações. Elza Soares, cantando apoiada porque havia torcido o tornozelo, cantou demais! Pena que não levei câmera para registrar tudo, perdi essa! Mas valeu!

Abaixo da letra, imagens do folder, contendo o repertório do show de duas horas, que sofreu algumas modificações.

Títulos de Nobreza (Ademilde no Choro)

João Bosco & Aldir Blanc

Tira a poeira das reminiscências
Simplicidade e lamento, jamais
Pérolas, língua de preto, cadência
Mágoas, cristal, pedacinho do céu
Murmurando, ingênuo, migalhas de amor
Saxofone, me diz, porque choras
Ai carinhoso e brejeiro, o chorinho Odeon
Nas noites cariocas
Naquele tempo, chorei, vou vivendo
Nosso romance ainda me recordo
Flor amorosa, apanhei-te, assanhado
Numa seresta de sapato novo
Eu vascaíno, um a zero
Entre mil vibrações, Ademilde no choro.


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Charge de Caio Futur (reprodução)

Adeus a Glauco

Esta semana, aconteceu com o cartunista Glauco o que ninguém jamais imaginaria: saiu da coluna de charges para o noticiário policial, após seu brutal assassinato – e do filho Raoni – por um conhecido da família que está foragido. Dezenas de ilustradores o homenagearam em charges, e acima reproduzo apenas uma delas.

E mais não há a dizer...

sábado, 13 de março de 2010

Sem pensar, nem pensar...

Já dei aqui a dica do show "Sem pensar nem pensar", de Sérgio Molina e Miriam Maria, ao qual ainda não consegui ir.

Hoje haverá nova apresentação, e de novo não irei, porque estarei no show de Baby+Elza+Ademilde (depois conto por aqui...), mas fica aqui a dica.

No repertório, 11 letras inéditas de Itamar Assumpção, escritas pouco antes de morrer, entre 2002 e 2003, especialmente para o compositor Sergio Molina musicar e chegar ao público na voz de Miriam Maria, dando origem ao CD que leva o nome da canção. O resultado combina a verve instigante de Itamar e a sonoridade experimental da vanguarda paulistana com a escrita erudita contemporânea e a livre improvisação. Com Sergio Molina (composição, violão e vocais), Miriam Maria (voz), Clara Bastos (contrabaixo acústico, elétrico e vocais), Mariô Rebouças (piano), Priscila Brigante (bateria e percussão).

Quando: hoje (13), às 22h30
Quanto: R$ 19
Onde: Casa de Francisca - Rua José Maria Lisboa 190, travessa da Brigadeiro Luís Antônio
RESERVE SEU LUGAR por e-mail (a casa é pequena e concorrida): reservas@casadefrancisca.art.br


sexta-feira, 12 de março de 2010

Rita Ribeiro faz dois fins de semana de Tecnomacumba

Foto do site oficial da cantora

O Sesc Santana será pequeno para esta cantora, que aos poucos foi conquistando grandes públicos... Tanto, que foram marcados dois fins de semana para os shows Rita Ribeiro, baseados no repertório de seu primeiro DVD, Tecnomacumba – A tempo e ao vivo.

Entrevistei Rita há exatos 12 anos, em março de 1998 (aqui, a imagem de parte da matéria, não consegui escanear toda). Na época ela morava em Pinheiros, e o fotógrafo teve a ideia de fotografá-la na subestação de energia elétrica que ficava por perto, numa referência aos cabelinhos de antena dela. Não me lembrava que ela não só é geminiana como eu, mas também nasceu no mesmo dia (13 de junho), porém alguns anos depois. Logo em seguida, o sucesso foi aumentando e sei que há algum tempo ela adotou o Rio como sua cidade.

Foto de show em 2008 na esfumaçada choperia do Sesc Pompeia

Tecnomacumba é fruto da intervenção cultural criada por Rita Ribeiro há seis anos para nomear a fusão entre batuques dos terreiros e beats eletrônicos, numa sonoridade que lembra terreiros de candomblé, centros de umbanda, batuques e xangôs espalhados pelo país, e que desperta paixão em diferentes públicos.

Acompanham a cantora os músicos Israel Dantas (guitarrista), Alexandre Katatu (baixista), Lúcio Vieira (baterista e programador eletrônico), Pedro Milman (tecladista) e Paulo He-Man (percussionista), da banda Cavaleiros de Aruanda, e bailarina convidada Kiusam Oliveira.

Onde: SESC Santana – Avenida Luiz Dumont Vilares, 579 – (11) 2971-8700
Quando: dias 13, 14, 20 e 21 de março – Sábados, às 21 horas; e domingos, às 19h30.
Quanto: R$ 5 a R$ 20

Como Rita Ribeiro e seu trabalho têm tudo a ver com africanidade, aqui vão dicas de eventos no Museu Afro-Brasil - eu sempre digo que é um lugar que sempre vale a pena visitar, e com tempo!


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Floriano, Rogério, Caio e Mariô Rebouças (piano) Foto: Rose Tóffoli

Ontem, enfim, fui ver o amigo Rogério Santos cantar, e adorei. Ao lado do parceiro Floriano Villaça, e de músicos da melhor qualidade, ele interpretou sambas, choros e sambas de breque. Também cantou parcerias com Pituco, ex-integrante do Língua, que há muitos anos mora no Japão (como é boa a internet, eles nem se conhecem pessoalmente...). O local foi a escola Canto do Brasil, na Rua Madalena, 34 – V. Madalena. Toda quinta, no projeto Quintas Musicais, tem shows gratuitos ali, a partir das 20h30, em clima bem descontraído. Ontem, além de Rogério, apresentou-se Moisés Santana. Semana passada, por exemplo, foi a vez do violonista Chico Saraiva... Passe lá qualquer quinta dessas... Rogério e Moisés, aliás, estarão na homenagem aos 100 anos de Ataulfo Alves, neste fim de semana no Auditório Ibirapuera (sobre essa e outras dicas ainda válidas, leia posts abaixo).

quinta-feira, 11 de março de 2010

Os vários sabores e temperos da cultura

Quem acompanha meu blog – ou mesmo quem estiver lendo pela primeira vez – já percebeu que gosto de quase tudo. Mas note que só indico o que aprecio e, claro, não dá pra ir a tudo, mas se pudesse...

Sá & Guarabyra, 'roqueiros'. (Foto: Thereza Barral)

Esta semana está movimentada: terça fui ao show do Sá & Guarabyra pelo projeto Rock Rural, do CCBB, e foi ótimo. Eles até avisaram que farão um show com banda no Sesc Vila Mariana, em abril. Fique ligado, os ingressos começam a ser vendidos dia 25 de março!


Na quarta, vi a inusitada dupla Zé Renato e Renato Braz, que fez bonito, acompanhada do baixista Sizão Machado, e deu dois bis!

Sábado vou ver Baby do Brasil (ex-Baby Consuelo), com Elza Soares e a participação especialíssima de Ademilde Fonseca. Essa não dá pra perder, talvez ainda dê pra tentar obter ingressos. Eu já garanti o meu!

No repertório, muito samba e, claro, choro, marca de Ademilde, que consegue acompanhar o ritmo rápido como ninguém e – importante – pronunciando todas as palavras! Elas serão acompanhadas de banda com nomes não divulgados: dois percussionistas, teclado, violão, guitarra, cavaco, baixo e bateria.

Onde: SESC Vila Mariana – Rua Pelotas, 141 – Telefone: (11) 5080-3000
Quando: sexta (12) e sábado (13), às 21 horas; domingo (14), às 18 horas.
Quanto: R$ 10 a R$ 40

PORTA-RETRATO – Tempos Idos – Uma História do Samba

Novamente não posso deixar de indicar a presença da talentosa cantora Fabiana Cozza nos palcos. Desta vez, com o veterano sambista Monarco da Portela, em homenagem aos centenários de Cartola (2009) e Noel Rosa (2010). Destaque para três referências: "Tempo Idos", de Cartola e Carlos Cachaça, "Feitio de Oração", de Noel Rosa e Vadico, e "Nossos Pioneiros", de Monarco, que conta a trajetória do gênero desde o estilo amaxixado do Sinhô até os novos moldes da sua criação. Além deles, o repertório inclui Pixinguinha, Ismael Silva, Bide e Marçal, entre outros.

Antes do show de Zé Renato e Renato Braz, na quarta, tive o prazer de cumprimentar e conhecer Fabiana Cozza pessoalmente, enfim. Ela estava na plateia, e foi de uma simpatia e atenção exemplares. Agora sou ainda mais fã!

Onde: SESC Pinheiros – Rua Pais Leme, 195 – Telefone: (11) 3095-9400
Quando: sábado (13), às 21 horas; domingo (14), às 18 horas.
Quanto: R$ 5 a R$ 20


ATAULFO ALVES – 100 ANOS

Mais uma vez o compositor mineiro Ataulfo Alves é homenageado em seu centenário, com a presença de artistas que participaram do disco com suas músicas, lançado no ano passado. Vejam a diversidade de nomes (alguns, confesso, não conheço): Zezé Motta, Alaíde Costa, André Mehmari, Maria Alcina, Ataulfo Alves Jr., Virgínia Rosa, Anelis Assumpção, Verônica Ferriani, Língua de Trapo, Mateus Sartori, Márcia Castro, Cérebro Eletrônico, Milena, Moisés Santana, Graziela Medori, 2ois, Edith Veiga, Maricenne Costa e Marcus Moura.

No repertório, clássicos como “Solitário”, “Cabe na Palma da Mão”, “Infidelidade”, “Desaforo eu Não Carrego”, “Bom Crioulo” e “O que é que Há”, entre outros. Ataulfo Alves teve músicas gravadas pelos principais nomes da sua época, sendo ele mesmo um grande intérprete de sua obra. Sua característica mais marcante é uma “certa cadência arrastada... Em geral os sambas são tristes, carregados de melancolia, às vezes nostálgicos. Ele próprio admitia ter guardado na memória, cantigas e toadas de roça que o influenciaram na hora de compor...”, como escreve o letrista Carlos Rennó.

Onde: Auditório Ibirapuera, Portão 3 do Parque Ibirapuera
Quando: domingo (14), às 19 horas
Quanto: R$ 30 e R$ 15 (meia-entrada)

‘DESINDICAÇÕES’, ‘DESRECOMENDAÇÕES’ e – alívio – INDICAÇÕES

Invento essas palavras para fazer uma coisa que não costumo fazer: contraindicar certas atrações. Se tem show de artistas ou filmes que eu sei que não vou gostar, já nem falo deles, apenas me omito. O mesmo se for algo muito badalado ou onipresente na mídia. Meu papel não é criticar, e costumo expressar somente opiniões positivas. Mas, aqui, relato minha decepção com dois filmes e uma peça. Logo após, tem as compensações, ou seja, as atrações de que gostei:

Khamsa (França-2008) – Depois de fugir de sua família adotiva, o menino Khamsa volta para o acampamento cigano onde nasceu. Nada mudou: os jogos de cartas tarde da noite, o mergulho no mar Mediterrâneo, as brigas de galo (QUE MOSTRARAM CRUELMENTE!), até que ele e o melhor amigo começam a realizar pequenos furtos. Na verdade, o filme não é tão ruim, mas nada imperdível. Eu diria que o ótimo elenco mirim e a fotografia são o melhor da história...

O que Resta do Tempo (França-2009) – Elia Suleiman dirigiu e interpreta este filme quase autobiográfico, tão elogiado que acabou me decepcionando. A história é boa, narrando a trajetória de uma família de 1948 até tempos recentes. Retrata a vida diária dos palestinos que permaneceram e foram marcados como “árabes israelenses”, a viver como uma minoria em sua própria terra. Porém, eu não sirvo para decifrar metáforas e símbolos: pra mim, ou a linguagem é direta, ou me canso... e foi o caso...

Ambos terminam temporada no Cinesesc, na Rua Augusta, quem quiser arriscar...

A peça que vi, de Beckett, foi Dias Felizes, com direção de Emílio Di Biasi e tradução de Barbara Heliodora, no Sesc Ipiranga. O chamariz foi a atuação de Norma Bengell. Valeu por ela e pela participação de Ariel Moshe, e pelas cenas de filmes de Norma, que na verdade poderiam ser mostradas em tela maior...

Veja a sinopse: é a história de Winnie, uma mulher otimista e sonhadora que, num belo dia, aparece enterrada até a cintura, como representação de alguém que está oprimido por um mundo vazio e estéril, defendendo-se como pode, refugiando-se em objetos e discursos, rica em citações e mudanças de estilo, mas confusa e muitas vezes desconexa... Esse foi o problema: discurso e citações demais me aborreceram!

Em compensação, morram de inveja: vou ver o disputado show de Cauby Peixoto interpretando Roberto Carlos. Da outra vez não consegui mas, agora, como é horário para terceira idade (segundo o próprio Sesc), eu vou. O show é só dia 18 – pasmem – 15h30 de uma quinta-feira! No Sesc Pinheiros. Informe-se pelo telefone (11) 3095-9400.

Outra compensação: aproveite para ver o documentário O Homem que engarrafava Nuvens, sobre Humberto Teixeira, grande parceiro de Luiz Gonzaga, em cartaz nos cinemas, e Simonal – ninguém sabe o duro que dei, um dos melhores documentários musicais que vi. O Canal Brasil já estreou em sua programação e deve estar saindo em DVD...

E mais uma recomendação, acompanhada de alerta: Preciosa é um bom filme, que não consigo definir se gostei ou não. Mas é um murro na cara necessário, contando quase numa linguagem de documentário uma história crua como as que se veem nos telejornais sanguinários da TV, que mostram o mundo cão. A personagem principal sofre assédio moral e pancadas da própria mãe e da molecada, e a (pouca) suavidade fica por conta dos delírios de Preciosa que, negra e obesa, se vê no espelho magra, loira e "de cabelo bom", e sonha com príncipes encantados e fadas-madrinhas. Prepare o estômago e os nervos!

HEBE X ROBERTO

Sim, eu tinha de ver a volta triunfal de Hebe Camargo a seu programa. Afinal, sabia que haveria muitas participações especiais, incluindo Ney Matogrosso. Ele, Maria Rita, Leonardo e Ivete Sangalo apresentaram números musicais. Na plateia, muita gente famosa, todo o elenco do SBT, inclusive o inconveniente Ratinho – pra que Hebe foi falar que ele estava quietinho? – e até as loiras globais-GNT Gabi, Ana Maria, Marília Gabriela e Astrid Fontenelle. Elas garantiram que foram porque quiseram, mesmo sem ser convidadas, e que ninguém iria proibir e ponto!

O clima – tirando um bate-boca sobre TPM no qual estava o tal Ratinho – era de alegria geral e aparente sinceridade. Resisti bravamente até o fim, porque gostei. Principalmente da participação de Roberto Carlos, em conversa pré-gravada com Hebe num hotel. Clima de elogios e confidências, e fortes sinais de um flerte... A emoção era justificada, e me tocou também. Afinal, a "dama do sofá na TV", reinando há décadas e sendo copiada por muitos, estava de volta depois de lutar contra um câncer, e depois de meses fora do ar sem ser para uma viagem de férias. Em entrevista após a gravação, Hebe assumiu que havia relaxado com a saúde ultimamente, e admitiu não ser um exemplo nesse sentido.

Aliás, Roberto é a nova atração da OCA, e qualquer hora falarei a respeito.

terça-feira, 9 de março de 2010

Dicas de programação em cima da hora

Como diria meu amigo e leitor Pituco, aqui vão DICAS BACANUDAS, valendo já a partir de hoje:

Banda Savana, em show no Sesc Pinheiros (16/2/10)

MOSTRA ‘O JAZZ BRASIL’

Prossegue até 6 de abril a mostra “O Jazz Brasil”, festival de música brasileira que traz o panorama da música instrumental e cantada, baseada na improvisação e inventividade do jazz. É uma oportunidade única para o público paulistano conhecer os trabalhos solísticos de instrumentistas muitas vezes mais famosos como acompanhantes de cantores e cantoras importantes do país. Confira a programação:

HOJE, dia 9:

• Martini Blues, às 19 horas

• Vanessa Jackson, às 20 horas

Dia 23:

• Lauro Lellis, às 19 horas

• Banda Savana, às 20 horas  (já falei aqui desses músicos de primeira)

Dia 6 de abril:

• Sóprosbatuqueiros, às 19 horas

• Léo Gandelman, às 20 horas

Onde: Caixa Cultural São Paulo – Praça da Sé, 111
Quanto: GRÁTIS

ZÉ RENATO E RENATO BRAZ

Na Série Encontros, do Sesc Vila Mariana, Renato Braz e Zé Renato fazem dois shows, amanhã e quinta-feira. Já garanti meu ingresso para amanhã num lugar até bom, e creio que ainda haja disponíveis para compra. Em todo caso, é bom ligar antes.

Zé Renato é uma das grandes e profundas influências de Renato Braz. No show, dividem o palco pela primeira vez, apresentando músicas de autoria de Zé Renato, como 'Papo de Passarim', 'Ponto de Encontro', 'A Hora e a Vez' e 'Benefício'; e de Renato Braz, como 'Outro Quilombo', 'Anabela' e 'Desenredo'.

Onde: SESC Vila Mariana – Rua Pelotas, 141 – telefone: (11) 5080-3000
Quando: quarta (10) e quinta (11), às 21 horas.
Quanto: R$ 7,50 a R$ 30

JACKSON DO PANDEIRO – A TRAJETÓRIA DO REI DO RITMO

É o tema do Baile do Baleiro Especial, no Sesc Santo André, em projeto que já aconteceu no Sesc Pompeia. Zeca Baleiro apresenta um show dançante, quente e vibrante reunindo seus maiores sucessos, além de canções de Pinduca, Luiz Gonzaga, Moraes Moreira, Tim Maia, Jorge Benjor, Originais do Samba, Hyldon e, claro, Jackson do Pandeiro, um dos artistas que mais admira. No palco com Zeca Baleiro, Tuco Marcondes (violões e guitarra), Fernando Nunes (baixo), Kuki Stolarski (bateria e percussão) e Adriano Magoo (teclados e acordeon).

Onde: Espaço de Eventos do SESC Santo André – Rua Tamarutaca, 302 – Vila Guiomar – Telefone: (11) 4469-1200 (É BOM LIGAR ANTES!)
Quando: sexta (26), às 21 horas.
Quanto: R$ 7,50 a R$ 30.

Lindíssima Orquestra Mágica, no Sesc Itaquera

ZÉLIA DUNCAN, EM 'TODOS OS SONS'

Quem perdeu os seis recentes shows de Zélia Duncan no Sesc Pinheiros (afinal, os ingressos acabaram num instante!) agora pode vê-la quase de graça, porém do outro lado da cidade, no Sesc Itaquera. Aliás, é um passeio que recomendo fazer ao menos uma vez, e no final do verão deve estar menos lotado de frequentadores habituais, que têm no local um dos poucos de entretenimento na região.

A cantora e compositora Zélia Duncan apresenta o mais recente trabalho, “Pelo Sabor do Gesto”. No repertório, parcerias inéditas, versões, regravações e, sobretudo, momentos em que predominam suavidade e uma atmosfera retrô.

Onde: Palco da Orquestra Mágica, no SESC Itaquera.
Quando: domingo (28), às 15 horas.
Quanto: Consulte aqui os preços de acesso à unidade.

segunda-feira, 8 de março de 2010

No Dia da Mulher, é uma delas quem leva os principais Oscars

Cena do filme Guerra ao Terror (divulgação)

O fato de uma mulher levar os principais Oscars (melhor filme e direção) em 2010 é ótimo. Porém, o absurdo é que isso ocorra pela primeira vez em 82 anos! E mais: Kathryn Bigelow, com seu Guerra ao Terror, foi apenas a quarta mulher indicada à estatueta de direção nos 82 anos do prêmio da Academia.

James Cameron e Kathryn Bigelow (Foto: AP)

Bonitona, sem aparentar seus 58 anos e – coisa rara – sem sinal de plásticas ou botox, Kathryn derrubou todas as bancas de apostas, que previam uma “ação entre amigos”, que daria o prêmio de melhor filme para a superprodução Avatar, campeão de todas as bilheterias e coincidentemente dirigido pelo ex-marido James Cameron (que já havia arrebatado grandes prêmios com Titanic), e o de direção para o independente Guerra ao Terror. Com audiência modesta, pelo menos até agora, Guerra ao Terror foi lançado no Brasil direto no DVD, e só quando foi indicado entrou em cartaz nos cinemas. E, mesmo perto da data da premiação, a distribuidora reduziu o número de salas de exibição.

Claro que isso deve mudar esta semana (pelo menos espero), inclusive com Preciosa (ainda não consegui ver nenhum dos dois), que levou os prêmios de melhor atriz coadjuvante para Mo’nique, e de roteiro adaptado. Esse é outro que foi lançado em várias salas e agora está em apenas três, aqui em São Paulo.

Guerra ao Terror, além dos prêmios principais, ganhou também por edição e mixagem de som (não entendi o porquê de prêmios separados para a mesma categoria) e montagem, novamente desbancando Avatar, e de roteiro original, categoria na qual o favorito do ano não competia.

Para mim a premiação foi surpreendente, porém justa, já que achei Avatar um filme essencialmente técnico, e por isso levou (e mereceu) os prêmios de fotografia (por sinal, de um italiano, Mauro Fiore), direção de arte e efeitos visuais. Ou seja, metade dos prêmios conquistados por Guerra...

Li que a nova forma de votação está sendo questionada, já que, este ano, valia o maior número de votos para determinado filme entre os quase 6 mil votantes, não necessariamente entre os primeiros da lista. Fora o novo método, não há novidades, pois o Oscar, ultimamente, tem premiado filmes não necessariamente grandiosos ou de maior bilheteria, e sim aqueles que tenham alguma mensagem, com a tendência de premiar um só título como melhor filme e direção, caso de Quem quer ser um milionário? (2009) e Onde os Fracos não têm vez (2008), só para citar os mais recentes prêmios para filmes “pequenos”, além de Os Infiltrados (2007), que pela primeira vez premiou o até então injustiçado e preterido Martin Scorsese. Em 2005, foi a vez de Clint Eastwood ser agraciado com os dois prêmios principais por Menina de Ouro.

Com exceção de Scorsese e Eastwood, nas últimas seis premiações, foi em 2006 que a Academia passou a premiar os tais “pequenos filmes”, dirigidos por cineastas pouco conhecidos. Naquele ano, Crash levou o prêmio de melhor filme e o de direção foi para O Segredo de Brokeback Mountain, de Ang Lee, que, embora famoso, gerou polêmica pelo tema do “romance gay” de seus protagonistas.

Por sinal, a própria Kathryn Bigelow não tem grandes filmes no currículo, e o mais conhecido deles talvez seja Caçadores de Emoção (1991), com a dupla de “surfistas” Patrick Swayze e Keanu Reeves.

Minha experiência com a cerimônia

Anos atrás, eu não tinha a menor paciência de ficar quatro horas grudada na TV para ver a cerimônia, que tinha incontáveis e intermináveis números musicais. Ultimamente, ela ficou reduzida quase à metade, e procura dar um tom de humor em suas apresentações.

Quem não tem o privilégio de ter TV a cabo teve de esperar o final do BBB para a Globo começar a exibir o Oscar. Na TNT, pude ver o Tapete Vermelho e os primeiros prêmios. Quanto ao Tapete, quem não viu não perdeu nada, já que as perguntas são as mais descabidas, as respostas idem, e a intenção, ali, é apenas mostrar as grifes vestidas pelas celebridades, muitas delas de gosto duvidoso.

Este ano, Steve Martin novamente subiu ao palco, dividido com o parceiro de filme Alec Baldwin. Ambos formam um trio amoroso com Meryl Streep, em Simplesmente Complicado (ainda não vi, ouvi falar mal, mas acho que só pelo elenco já vale). Este ano, a campeã de indicações mais uma vez não levou o prêmio. Ela estava indicada por seu ótimo desempenho em “Julie e Julia”, mas quem ganhou foi Sandra Bullock, por Um Sonho Possível, em um de seus raros papéis em drama, e que também ainda não vi. Sandra, por sinal, havia recebido, com o maior bom humor, a Framboesa de Ouro como pior atriz, na comédia Maluca Paixão. O prêmio para Sandra Bullock e Jeff Bridges (melhor ator, por Coração Louco) era esperado.

O bom é que foi abolida (com raras exceções) a subida de imensas equipes para o recebimento de premiação – o que gasta muito tempo! E totalmente podados os longos discursos.

Uma das partes de que mais gosto é a homenagem às pessoas de cinema falecidas no ano anterior. Um deles foi Patrick Swayze, e até Michael Jackson, com pequena filmografia, foi lembrado. Porém, Farrah Fawcett, que morreu no mesmo dia que ele (25 de junho), foi esquecida. Foi bonita a homenagem – em vida, o que é mais importante – aos veteranos Roger Corman, o rei dos filmes B, e Lauren Bacall, embora não tenham tido a oportunidade de subir ao palco e mal tenham sido mostrados.

Também foi ótima a homenagem aos filmes de terror, sempre relegados pela Academia. Na montagem de cenas de diversos filmes, atores hoje famosos aparecem em início de carreira, um deles Johnny Depp, em A Hora do Pesadelo.

Ben Stiller maquiado como Avatar (Foto: Reuters)

Clooney de cara feia

Achei estranha, no início, a feição carrancuda de George Clooney – que mais ao final resolveu sorrir um pouco. Acho que não era encenação, pois os apresentadores nem ousaram fazer piadas com ele. Senti a ausência dos sempre presentes Jack Nicholson, Nicole Kidman e Brad Pitt – que fez parte do elenco de Bastardos Inglórios, que deu o prêmio de ator coadjuvante a um novato (pelo menos em Hollywood), o austríaco Christoph Waltz. Em compensação, foi hilária a participação de Ben Stiller para dar o prêmio de maquiagem, caracterizado como um Avatar – com rabo e tudo –, embora com roupa de gala.

Vale ressaltar que todos os documentários (que dificilmente devem passar por aqui) concorrentes falavam de causas justas e faziam denúncias, e o premiado foi The Cove, sobre as violentas mortes de golfinhos no Japão para consumo de sua carne, e que eu dificilmente teria coragem de assistir. Um dos produtores, aliás, é um ator simpático, porém pouco expressivo nos cinemas e mais atuante em papéis de vilão em seriados de TV, Fisher Stevens. Por fim, o argentino O Segredo para seus Olhos derrubou a favorita produção alemão A Fita Branca, como melhor filme estrangeiro.

A fase madura do Oscar pelo menos dá a oportunidade de filmes que não apareceriam para o grande público ganhar notoriedade e receber o lançamento e a divulgação que merecem. Premiar o óbvio e os já campeões de bilheterias deixa de lado talentos promissores que, só com a nova fórmula, passam a ganhar mais oportunidades no cinemão.


SHOWS EM HOMENAGEM À MULHER

Aproveito para passar a dica de uma série de shows que o Sesc Ipiranga está promovendo no mês da mulher. Em Elas por elas, cantoras homenageiam intérpretes e compositoras do sexo feminino.

Sábado fui ver a primeira delas, Karina Ninni, que fez um belo show em homenagem a Dolores Duran. Não a conhecia e gostei – da voz, da banda e da escolha do repertório, que ela foi didaticamente explicando. Confira o restante da programação, sempre gratuita, todo sábado, às 18 horas:

Dia 13 – Regina Dias canta Maysa

Dia 20 – Bia Góes canta Aracy de Almeida

Dia 27 – Ilcéi Mirian canta Clara Nunes

Dia 3 – Mysty e Adyel cantam Clementina de Jesus e Elizeth Cardoso

Onde: Rua Bom Pastor, 822 – Ipiranga

sábado, 6 de março de 2010

Homenagem a Johnny Alf

Este grande pianista e compositor - Johnny Alf - influenciou toda uma geração de fundadores da Bossa Nova. Suas harmonias - dizem João Donato e Roberto Menescal, entre outros - eram inovadoras e geniais.

Em 2009, já doente, chegou a apresentar-se algumas vezes, uma delas num dos Sescs, com a presença especial de Leny Andrade e Alaíde Costa - show ao qual assisti pessoalmente e que a TV Sesc (137 da Net) tem reprisado.

O Brasil e o mundo perderam sua pessoa - carioca que há 50 anos adotou São Paulo, onde levava uma vida reservada, e ultimamente vivia em Santo André -, mas guardarão para sempre sua grandiosa obra e seu jeito discreto de ser.
 
VIVA JOHNNY ALF!

segunda-feira, 1 de março de 2010

Show e homenagem ao samba de altíssima qualidade


Não sou fã de samba de primeiras fileiras, mas de samba bom eu gosto! Há uns três anos fui a um show de Dona Ivone Lara – já idosa, mas cantando bem seu repertório, com belo vozeirão – no Sesc Ipiranga, que tinha como convidadas Fabiana Cozza e Dona Inah, duas sambistas paulistas – uma veterana e outra jovem – e que ali eu via pela primeira vez. Gostei e virei fã. Sempre que posso, vejo Fabiana, e ontem vi Dona Inah pela segunda vez.


Coincidentemente, as duas estavam juntas, e com um convidado superespecial: Nelson Sargento, que emocionou o público ao entrar, superelegante e cantando suas belas canções. Ele contou que estava conhecendo ali “a moça, com seu vozeirão”. Ao final, os três cantariam juntos... No repertório (que pode ser conferido na imagem acima), músicas conhecidas que não se ouvem mais, como Conto de Areia e Canto das Três Raças, que foram grandes sucessos na voz de Clara Nunes. Não faltou Eduardo Gudin, sozinho (Praça 14 Bis) e em parceria com Paulo César Pinheiro (Olha quem chega). Até uma parceria de Francis Hime e Chico Buarque (Embarcação) esteve presente. FOI O MÁXIMO, e aqueceu o domingão frio e chuvoso, que lotou o Sesc Santana!



Samba carioca perde a elegância de Walter Alfaiate

Soube ontem da morte do grande compositor Walter Alfaiate, ocorrida no sábado (27 de fevereiro), aos 79 anos. Até achei que no show de Dona Inah haveria alguma referência a ele... O apelido vinha de sua verdadeira profissão, dividida com a música a partir dos anos 60, quando participou de shows no Teatro Opinião e na boate Bolero. Autor de mais de duzentos sambas, teve canções gravadas por Paulinho da Viola e João Nogueira nos anos 70, e foi redescoberto pela mídia nos anos 90. Walter Alfaiate fazia parte da Ala de Compositores da Portela, e entre seus sambas mais conhecidos estão Coração Oprimido e A.M.O.R.

No ano passado, ele foi homenageado no documentário “Walter Alfaiate – A Elegância do Samba”, que ainda não consegui ver. Teve carreira curta nos cinemas, apenas em circuitos especiais, e aguardo que seja incluído na programação do Canal Brasil, que costuma dedicar grande espaço a nossos artistas. Com duração de uma hora, o filme, dirigido por Vital Filho, Emiliano Leal, Paulo Roscio, Rommel Prata e Vitor Fraga, mostra a vida de Alfaiate em seu bairro de nascimento, Botafogo, a partir de imagens dele e de depoimentos de Sérgio Cabral, Regina Casé, Paulinho da Viola, Beth Carvalho, Cristina Buarque, Zeca Pagodinho, Nei Lopes e Aldir Blanc.

Fontes: UOL e Blog Acordes, de Toninho Spessoto.


O flautista Toninho Carrasqueira estreia nesta quarta (3 de março) o programa “Magia da Flauta”, na Cultura FM.

Trata-se de uma nova série dedicada à flauta, que tem como idealizador e apresentador o flautista Toninho Carrasqueira, um dos grandes expoentes do instrumento no Brasil. Essa é a temática central: a flauta como instrumento de culturas diversificadas e de linguagens sonoras ancestrais, inclusive no Brasil. A história dos instrumentos de sopro é bem antiga. As flautas sofreram transformações ao longo dos séculos, cada uma assistida e adaptada pela sociedade que decodificaria seus sons.

Quando: toda quarta, a partir das 20 horas.
Onde: Cultura FM – 103.3 MHz