quinta-feira, 11 de março de 2010

Os vários sabores e temperos da cultura

Quem acompanha meu blog – ou mesmo quem estiver lendo pela primeira vez – já percebeu que gosto de quase tudo. Mas note que só indico o que aprecio e, claro, não dá pra ir a tudo, mas se pudesse...

Sá & Guarabyra, 'roqueiros'. (Foto: Thereza Barral)

Esta semana está movimentada: terça fui ao show do Sá & Guarabyra pelo projeto Rock Rural, do CCBB, e foi ótimo. Eles até avisaram que farão um show com banda no Sesc Vila Mariana, em abril. Fique ligado, os ingressos começam a ser vendidos dia 25 de março!


Na quarta, vi a inusitada dupla Zé Renato e Renato Braz, que fez bonito, acompanhada do baixista Sizão Machado, e deu dois bis!

Sábado vou ver Baby do Brasil (ex-Baby Consuelo), com Elza Soares e a participação especialíssima de Ademilde Fonseca. Essa não dá pra perder, talvez ainda dê pra tentar obter ingressos. Eu já garanti o meu!

No repertório, muito samba e, claro, choro, marca de Ademilde, que consegue acompanhar o ritmo rápido como ninguém e – importante – pronunciando todas as palavras! Elas serão acompanhadas de banda com nomes não divulgados: dois percussionistas, teclado, violão, guitarra, cavaco, baixo e bateria.

Onde: SESC Vila Mariana – Rua Pelotas, 141 – Telefone: (11) 5080-3000
Quando: sexta (12) e sábado (13), às 21 horas; domingo (14), às 18 horas.
Quanto: R$ 10 a R$ 40

PORTA-RETRATO – Tempos Idos – Uma História do Samba

Novamente não posso deixar de indicar a presença da talentosa cantora Fabiana Cozza nos palcos. Desta vez, com o veterano sambista Monarco da Portela, em homenagem aos centenários de Cartola (2009) e Noel Rosa (2010). Destaque para três referências: "Tempo Idos", de Cartola e Carlos Cachaça, "Feitio de Oração", de Noel Rosa e Vadico, e "Nossos Pioneiros", de Monarco, que conta a trajetória do gênero desde o estilo amaxixado do Sinhô até os novos moldes da sua criação. Além deles, o repertório inclui Pixinguinha, Ismael Silva, Bide e Marçal, entre outros.

Antes do show de Zé Renato e Renato Braz, na quarta, tive o prazer de cumprimentar e conhecer Fabiana Cozza pessoalmente, enfim. Ela estava na plateia, e foi de uma simpatia e atenção exemplares. Agora sou ainda mais fã!

Onde: SESC Pinheiros – Rua Pais Leme, 195 – Telefone: (11) 3095-9400
Quando: sábado (13), às 21 horas; domingo (14), às 18 horas.
Quanto: R$ 5 a R$ 20


ATAULFO ALVES – 100 ANOS

Mais uma vez o compositor mineiro Ataulfo Alves é homenageado em seu centenário, com a presença de artistas que participaram do disco com suas músicas, lançado no ano passado. Vejam a diversidade de nomes (alguns, confesso, não conheço): Zezé Motta, Alaíde Costa, André Mehmari, Maria Alcina, Ataulfo Alves Jr., Virgínia Rosa, Anelis Assumpção, Verônica Ferriani, Língua de Trapo, Mateus Sartori, Márcia Castro, Cérebro Eletrônico, Milena, Moisés Santana, Graziela Medori, 2ois, Edith Veiga, Maricenne Costa e Marcus Moura.

No repertório, clássicos como “Solitário”, “Cabe na Palma da Mão”, “Infidelidade”, “Desaforo eu Não Carrego”, “Bom Crioulo” e “O que é que Há”, entre outros. Ataulfo Alves teve músicas gravadas pelos principais nomes da sua época, sendo ele mesmo um grande intérprete de sua obra. Sua característica mais marcante é uma “certa cadência arrastada... Em geral os sambas são tristes, carregados de melancolia, às vezes nostálgicos. Ele próprio admitia ter guardado na memória, cantigas e toadas de roça que o influenciaram na hora de compor...”, como escreve o letrista Carlos Rennó.

Onde: Auditório Ibirapuera, Portão 3 do Parque Ibirapuera
Quando: domingo (14), às 19 horas
Quanto: R$ 30 e R$ 15 (meia-entrada)

‘DESINDICAÇÕES’, ‘DESRECOMENDAÇÕES’ e – alívio – INDICAÇÕES

Invento essas palavras para fazer uma coisa que não costumo fazer: contraindicar certas atrações. Se tem show de artistas ou filmes que eu sei que não vou gostar, já nem falo deles, apenas me omito. O mesmo se for algo muito badalado ou onipresente na mídia. Meu papel não é criticar, e costumo expressar somente opiniões positivas. Mas, aqui, relato minha decepção com dois filmes e uma peça. Logo após, tem as compensações, ou seja, as atrações de que gostei:

Khamsa (França-2008) – Depois de fugir de sua família adotiva, o menino Khamsa volta para o acampamento cigano onde nasceu. Nada mudou: os jogos de cartas tarde da noite, o mergulho no mar Mediterrâneo, as brigas de galo (QUE MOSTRARAM CRUELMENTE!), até que ele e o melhor amigo começam a realizar pequenos furtos. Na verdade, o filme não é tão ruim, mas nada imperdível. Eu diria que o ótimo elenco mirim e a fotografia são o melhor da história...

O que Resta do Tempo (França-2009) – Elia Suleiman dirigiu e interpreta este filme quase autobiográfico, tão elogiado que acabou me decepcionando. A história é boa, narrando a trajetória de uma família de 1948 até tempos recentes. Retrata a vida diária dos palestinos que permaneceram e foram marcados como “árabes israelenses”, a viver como uma minoria em sua própria terra. Porém, eu não sirvo para decifrar metáforas e símbolos: pra mim, ou a linguagem é direta, ou me canso... e foi o caso...

Ambos terminam temporada no Cinesesc, na Rua Augusta, quem quiser arriscar...

A peça que vi, de Beckett, foi Dias Felizes, com direção de Emílio Di Biasi e tradução de Barbara Heliodora, no Sesc Ipiranga. O chamariz foi a atuação de Norma Bengell. Valeu por ela e pela participação de Ariel Moshe, e pelas cenas de filmes de Norma, que na verdade poderiam ser mostradas em tela maior...

Veja a sinopse: é a história de Winnie, uma mulher otimista e sonhadora que, num belo dia, aparece enterrada até a cintura, como representação de alguém que está oprimido por um mundo vazio e estéril, defendendo-se como pode, refugiando-se em objetos e discursos, rica em citações e mudanças de estilo, mas confusa e muitas vezes desconexa... Esse foi o problema: discurso e citações demais me aborreceram!

Em compensação, morram de inveja: vou ver o disputado show de Cauby Peixoto interpretando Roberto Carlos. Da outra vez não consegui mas, agora, como é horário para terceira idade (segundo o próprio Sesc), eu vou. O show é só dia 18 – pasmem – 15h30 de uma quinta-feira! No Sesc Pinheiros. Informe-se pelo telefone (11) 3095-9400.

Outra compensação: aproveite para ver o documentário O Homem que engarrafava Nuvens, sobre Humberto Teixeira, grande parceiro de Luiz Gonzaga, em cartaz nos cinemas, e Simonal – ninguém sabe o duro que dei, um dos melhores documentários musicais que vi. O Canal Brasil já estreou em sua programação e deve estar saindo em DVD...

E mais uma recomendação, acompanhada de alerta: Preciosa é um bom filme, que não consigo definir se gostei ou não. Mas é um murro na cara necessário, contando quase numa linguagem de documentário uma história crua como as que se veem nos telejornais sanguinários da TV, que mostram o mundo cão. A personagem principal sofre assédio moral e pancadas da própria mãe e da molecada, e a (pouca) suavidade fica por conta dos delírios de Preciosa que, negra e obesa, se vê no espelho magra, loira e "de cabelo bom", e sonha com príncipes encantados e fadas-madrinhas. Prepare o estômago e os nervos!

HEBE X ROBERTO

Sim, eu tinha de ver a volta triunfal de Hebe Camargo a seu programa. Afinal, sabia que haveria muitas participações especiais, incluindo Ney Matogrosso. Ele, Maria Rita, Leonardo e Ivete Sangalo apresentaram números musicais. Na plateia, muita gente famosa, todo o elenco do SBT, inclusive o inconveniente Ratinho – pra que Hebe foi falar que ele estava quietinho? – e até as loiras globais-GNT Gabi, Ana Maria, Marília Gabriela e Astrid Fontenelle. Elas garantiram que foram porque quiseram, mesmo sem ser convidadas, e que ninguém iria proibir e ponto!

O clima – tirando um bate-boca sobre TPM no qual estava o tal Ratinho – era de alegria geral e aparente sinceridade. Resisti bravamente até o fim, porque gostei. Principalmente da participação de Roberto Carlos, em conversa pré-gravada com Hebe num hotel. Clima de elogios e confidências, e fortes sinais de um flerte... A emoção era justificada, e me tocou também. Afinal, a "dama do sofá na TV", reinando há décadas e sendo copiada por muitos, estava de volta depois de lutar contra um câncer, e depois de meses fora do ar sem ser para uma viagem de férias. Em entrevista após a gravação, Hebe assumiu que havia relaxado com a saúde ultimamente, e admitiu não ser um exemplo nesse sentido.

Aliás, Roberto é a nova atração da OCA, e qualquer hora falarei a respeito.

2 comentários:

Anônimo disse...

Laila, ótima dica essa do Sá e Guarabyra. Tentei comprar ingressso pra esse show no CCBB, mas estavam esgotados. Vou nesse do Sesc com certeza. Valeu a dica! (mais uma) Vou no show da Elza Soares, mas no domingo. Infelizmente vou perder o "Tempos Idos"...
Abraço,
Renato

Laila Guilherme disse...

Renato: também não vou ver Fabiana desta vez, vou assistir à peça "Corte Seco". Vamos torcer pra que os shows da Baby+Elza+Ademilde sejam ótimos!