sexta-feira, 7 de maio de 2010

Vidas que se Cruzam, Chico Xavier, A Ilha da Imaginação...

Charlize Theron, em Vidas que se Cruzam


Vidas que se Cruzam – O nome é bonito. Desta vez, a mania de traduzir com sentido bem diferente deu mais certo. Afinal, é isso mesmo que acontece no filme, as vidas se cruzam. E o título original parece resumir o filme a pouca coisa, um plano incendiário (“Burning Plain”), embora seja o tal incêndio o ponto de ligação dessas vidas que vão desfilando na tela, aparentemente sem conexão.

O primeiro filme dirigido pelo mexicano Guillermo Arriaga – roteirista de filmes de Alejandro González Iñárritu – repete a fórmula de enredos paralelos que aos poucos vão se ligando, como os bem-sucedidos – e na minha opinião mais interessantes – Crash (vencedor do Oscar em 2006), 21 Gramas e Amores Brutos.

A tragédia é sempre o elemento de ligação nesses filmes, e em Vidas que se Cruzam foi o incêndio aparentemente acidental que tirou o pai e a mãe de duas famílias que nunca haviam se conhecido. Aos poucos vamos entendendo o que há em comum entre uma dona de casa cheia de filhos (Kim Bassinger), um aviador que cria sozinho a filha adolescente, uma sommelier (Charlize Theron) que, infeliz, se entrega aleatoriamente a muitos homens, e o homem que a persegue sem ter nenhum interesse sexual. O filme – ainda em cartaz nos cinemas – poderia ser um pouco mais curto e manter um ritmo mais empolgante.


Chico Xavier – Produzido e dirigido por Daniel Filho, o filme é líder das bilheterias nos cinemas brasileiros desde o primeiro fim de semana de exibição. Tanto Daniel como o protagonista Nelson Xavier já se declararam ateus, preferindo destacar a importância do respeitado personagem – e ao mesmo tempo polêmico – como líder espírita. O filme mostra que, desde pequeno, ele tinha o dom de ouvir e conversar com espíritos, inclusive o da mãe, que perdeu ainda criança. Desacreditado por pai e irmãos, ele enfrentou sempre com calma os opositores, e não recebia dinheiro por suas consultas, tendo uma vida simples, com uma única vaidade: o uso de uma peruca, que merece até gozação dos outros, mostrada no filme. Matheus Costa, que faz Chico menino, e Ângelo Antonio, que interpreta o personagem ainda jovem, são ambos bons, porém Nelson Xavier dá um banho de interpretação, e incorpora o personagem magistralmente. Vale a pena ver, mesmo por quem não acredita em seus dons, como oportunidade de conhecer melhor esse personagem que marcou uma época, não se limitando à região mineira, onde atuava. Aliás, a bela fotografia, em locações nas cidades históricas de Tiradentes e São João Del Rey, é outro ponto forte do filme.

Tenho visto filmes melhores na TV...

Karl Malden e Montgomery Clift, em cena de I Confess

Um deles é o clássico A Tortura do Silêncio (I Confess – 1953), de Alfred Hitchcock. É um dos que menos reprisam do diretor, e havia visto só uma vez, há muito tempo. Traz o bonitão Montgomery Clift como um padre acusado de matar um homem que chantageava sua ex-amante (Anne Baxter). Ele pouco se defende, e chega a ser julgado pelo crime. Karl Malden é um detetive descontente com as evidências óbvias demais. Bom suspense, em bela fotografia em P&B, e com trilha sonora impecável, a exemplo de todos os filmes de Hitch.


Vi o Outro Lado da Meia-Noite (1977) na época, e lá se vão quase 30 anos. Há algum tempo eu o vinha procurando em DVD, sem sucesso, e valeu a pena rever, na TV. Lembrava de ter gostado, mas não que era baseado em romance de Sidney Sheldon. Marcante pra mim foi a atuação de Susan Sarandon, no primeiro filme que vi com ela, e que pelo jeito lhe deu destaque, já que fez muito sucesso na época. Um papel pequeno, porém importante. Afinal, ela sofre ao se casar com um oficial do exército (John Beck) durante a 2ª Guerra. Antes da guerra, este havia tido um romance com uma jovem (a linda Marie-France Pisier) que, ao ficar rica, passou a persegui-lo à distância. É uma produção típica dos anos 70, embora ambientado nos anos 40/50, inclusive a trilha de Michel Legrand – bonita, porém brega para os padrões de hoje. O maior furo da produção é ser falada em inglês, embora passe a maior parte na França, entre nativos do país. Assim como seus protagonistas e ao contrário de Susan Sarandon, o diretor Charles Jarrott nunca mais se destacou.

Fanny Ardant e Jean-Louis Trintignant, em cena

Revi também De Repente, num Domingo (1983), de François Truffault. Eu sou boa pra rever filmes, porque pouco me lembro dos detalhes, e tudo sempre me parece novo. Feito em P&B, homenageia os filmes noir de suspense e tem muitos toques de Hitchcock. Com a musa do cinema francês da época – a charmosa Fanny Ardant, que continua atuando até hoje –, que é funcionária de um corretor (Jean-Louis Trintignant), suspeito da morte da esposa e do amante dela. Diferentemente de outros filmes de Truffault, geralmente melancólicos e amargos, este tem clima bem agradável, e até um pouco de humor. E, ironia da vida, foi seu último.


Veias e Vinhos – Uma História Brasileira (2006) é um bom filme de João Batista de Andrade, ambientado no final dos anos 50, com a construção de Brasília. Mostra que a ditadura militar começava a perseguir supostos comunistas e lentamente a interferir na vida das pessoas. O elenco é ótimo, e traz Celso Frateschi, Leonardo Vieira, Simone Spoladore, José Dumont, Eva Wilma, Leopoldo Pacheco e Antônio Petrin.


Outro filme que vi na TV foi Bem-Vindo ao Jogo (Lucky You, 2007), dirigido por Curtis Hanson, que fez os bons dramas Los Angeles – Cidade Perdida e Em Seu Lugar. Traz o australiano Eric Bana (Munique, Troia e A Outra) no papel de Huck, rapaz que ganha a vida como jogador de pôquer. Seu maior adversário é o pai (Robert Duvall), e ele fica conhecendo Drew Barrymore, que acaba de chegar a Las Vegas e se apaixona por ele. Bom entretenimento, e dá até pra aprender um pouco sobre as manhas do pôquer.


A Ilha da Imaginação é um bonito filme de aventuras, com a estrelinha de Miss Sunshine (Abigail Breslin) no papel principal. Ela vive com o pai, o bonitão Gerard Butler, e seus bichinhos, numa ilha deserta. Fã do personagem de aventuras Alex Rover, por acaso ela passa a se comunicar com a autora, a verdadeira Alex (Jodie Foster), que em raro papel cômico, faz uma atrapalhada mulher louca por aventuras só no papel, já que, atingida por síndrome do pânico, não sai de casa por nada. Outro ótimo entretenimento.

2 comentários:

pituco disse...

oi, queridona,

nada a ver com o post...mas,como não publicaste aqui no blog, sabes sobre o show do sérgio santos, aí em sampa?

o mineiro é 'fera'...e coincidentmente,foi acompanhado por outros não menos...inclusive a part.especial da mónica salmaso, que no cd do sérgio, 'litoral e interior', arrebenta na faixa final...mar,montanha e sertão.

bacci mille

Laila Guilherme disse...

Pois é, soube do show do Sérgio Santos, mas é tanto show que acabo deixando alguns bons para trás, infelizmente.

Quanto ao Edu,de fato lançou "Tantas Marés", mas não esqueceu de cantar antigos sucessos, e com uma desenvoltura singular para ele, que é tão tímido...

bacci.