AP Photo/Mark J. Terrill Melissa Leo reverencia Kirk Douglas |
Por muitos anos não tive a menor paciência de assistir ao Oscar, que durava pelo menos umas quatro horas – que equivaliam a umas doze, com chatíssimos números musicais e performances que pareciam não acabar mais!
Bem, parece que não era só eu que não aguentava, já que de uns tempos pra cá sinto que tudo se tornou mais humano, mais voltado ao artista e ao filme do que ao espetáculo. E isso fica ainda mais claro nos agradecimentos, quando equipes inteiras sobem ao palco (não este ano, acho que não deixaram), e constatamos que os filmes resultam de trabalho árduo em equipe, em que cada um tem grande importância. Não faltam efeitos, como neste ano o próprio cenário projetando as imagens, o que deu uma beleza delicada.
Ainda assim, não consegui ver até o final – e o melhor sempre fica pro final –, e a última hora e meia deixei gravando e fui dormir. Valeu ver hoje pela manhã.
Getty Images/Reuters e AFP James Franco e Anne Hathaway |
Gago na cabeça – Vi poucos dos filmes concorrentes ao Oscar – Rede Social, Bravura Indômita, Biutiful, O Vencedor e Inverno da Alma, por exemplo, ainda não consegui ver –, mas me pareceu muito justo premiar O Discurso do Rei como melhor filme e direção. Trata-se de um filme comovente, que enfoca um tema delicado, como a gagueira de um importante representante da corte inglesa, o futuro rei George VI, belissimamente interpretado por Colin Firth, que no ano passado perdeu o prêmio por sua sensível atuação em Direito de Amar. Merecia também Geoffrey Rush, impecável como o “especialista em gagueira” que faz questão de tratar o rei como um igual, e vai fundo em seus problemas de socialização e familiares. Não vi Melissa Leo em O Vencedor, mas Helena Bonham Carter também estava brilhante no Discurso. A trilha também era maravilhosa, e podia ter vencido a aparentemente tecno demais trilha de Rede Social.
Houve muitos pontos altos na cerimônia, e nem vou falar aqui dos mais explorados pela mídia. Destaco a aplaudida presença de Oprah Winfrey, que apresentou os concorrentes a documentário. Ganhou Trabalho Interno, que, já me disseram, põe a nu o sistema financeiro mundial e suas falcatruas. Ainda não vi, mas pretendo, assim como o brasileiro Lixo Extraordinário. Dos estrangeiros, só vi Incêndios, muito triste e tocante, que mereceu ao menos a indicação.
Outro destaque - pelo menos para mim - foi a presença da carismática dupla Robert Downey Jr. e Jude Law, que estiveram juntos em Sherlock Holmes. Só para não deixar de citar, a sempre gracinha Natalie Portman fez bonito na premiação, assim como em sua atuação em Cisne Negro, em que faz a atormentada Nina.
Uma parte da qual sempre gosto é das homenagens in memoriam, que também fazem parte do Emmy. Eles costumam fazer umas montagens com imagens/cenas de atores, produtores, diretores e técnicos que morreram no decorrer do ano anterior. E foram muitos, entre os quais Blake Edwards, Lynn Redgrave, Jill Clayburgh e Patricia Neal. Até a interpretação de Celine Dion para “Smile”, de Charlie Chaplin, deu o tom certo de emoção.
Falando em música, que bom que premiaram uma que não lembra em nada aquelas baladinhas melosas que costumam ganhar: Randy Newman, ao piano e com seu vozeirão, apresentou o delicioso tema de Toy Story 3 (que também não vi, como nenhum da série), que escolhi para encerrar esta postagem.
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