Liliana Lavoratti – seção Plano de Voo, do jornal DCI/Shopping News
(Para ver a matéria original, clique aqui.)
O psicoterapeuta Theo Cecatto, interpretado por Zecarlos Machado, a cada dia da semana recebe no consultório um de seus pacientes
Foto: divulgação
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O
telespectador brasileiro, que faz tudo para não perder um capítulo de
telenovela e, com isso, acompanhar o drama diário de bandidos e mocinhos, agora
poderá compartilhar a intimidade e os conflitos da alma de alguns personagens
em uma situação muito peculiar: uma sessão de psicoterapia, em que os pacientes
contam ao psicoterapeuta seus pensamentos e as condutas com as quais sofrem. Sessão
de Terapia, a primeira grande série de ficção do GNT, estreia dia 1° de
outubro e irá ao ar de segunda a sexta-feira, das 22h30 às 23h.
A direção da
trama é assinada pelo ator e diretor Selton Mello, e a produção fica por conta
do experiente Roberto d’Ávila, da Moonshot Pictures.
A cada dia da
semana, o psicoterapeuta Theo Cecatto, vivido por Zecarlos Machado, casado com
Clarice (Maria Luísa Mendonça), atende um paciente diferente. Eles são: Júlia
Rebelo (Maria Fernanda Cândido), anestesista de 35 anos que tem medo de manter
relacionamentos; Breno Dantas (Sérgio Guizé), atirador de elite de 34 anos que
acidentalmente matou uma criança durante uma operação da Polícia Militar; Nina
Vidal (Bianca Muller), uma ginasta de 15 anos que tem problemas para socializar-se
e tendência suicida; e Ana (Mariana Lima) e João (André Frateschi), que iniciam
o tratamento para decidir se levarão adiante uma gravidez.
Depois de
passar a semana atendendo pacientes em seu consultório, em uma casa no bairro
de Higienópolis, na capital paulista, Theo procura ajuda de sua própria
terapeuta, Dora Aguiar (Selma Egrei), psicóloga de 65 anos que atua como sua
orientadora. É nesse momento da série que o protagonista troca de lugar e é
igualado a seus pacientes.
Dessa forma, Sessão
de Terapia proporcionará ao telespectador acompanhar não só o tratamento de
cinco pacientes de Theo, bem como o do próprio terapeuta. Nesse sentido, a
série resulta em dose dupla de desmistificação, pois o imaginário popular é
povoado de fantasias sobre o que se passa dentro de um consultório de
psicoterapia.
É com essa
sensação de olhar pela fechadura de um consultório, como definiu Maria Fernanda
Cândido, que a emissora pretende segurar o público. E o desenrolar da série não
deixa por menos: numa espécie de voyeurismo, a trama mostra uma verdade
inegável: em se tratando de seres humanos, somos feitos do mesmo barro e,
portanto, com risco de quebrar.
Além de
pioneira, Sessão de Terapia é uma proposta inovadora na televisão brasileira,
mesmo para os canais fechados, como o GNT. Conteúdo e formato diferem da
produção feita para a telinha. A versão brasileira foi baseada na série
israelense “BeTipul”, criada por Hagai Levi – um sucesso que já ganhou mais de
trinta adaptações, entre elas a americana “In Treatment”, exibida no Brasil
pela HBO.
“Sessão de
Terapia é quase um antifeito na dramaturgia televisa brasileira”, definiu na
última segunda-feira (17) o produtor da série, Roberto d’Ávila, ao ser
questionado sobre o perfil do público que a emissora espera cativar. Em uma
contemporaneidade marcada pela velocidade, bastando acionar o controle remoto
para passear de um canal a outro – bem como nas soluções para aplacar o
sofrimento humano, bastando engolir uma pílula –, assistir durante trinta
minutos ao diálogo entre o terapeuta e seu paciente não levaria o telespectador
a mudar de canal?
Personagem sem máscaras - “As várias
histórias levarão o público a tomar contato com esse material novo na
programação da televisão brasileira e responder positivamente à série”, afirmou
o produtor, que não descartou a hipótese de a série ficar somente na primeira
temporada, de 45 episódios, gravados em um recorde de 47 dias. “A segunda e
terceira temporadas dependerão da audiência alcançada”, diz d’Ávila, sem
informar o desempenho esperado.
“Esta é uma
série para quem não tem pressa, para quem é sensível com esse tipo de material
sobre a essência do ser humano”, diz Selton Mello. O diretor, para quem a série
“corre o risco de fazer sucesso, já que o brasileiro está habituado a assistir
novela de segunda a sexta-feira”, ressalta o trabalho de adaptação cultural da
série para aproximar ainda mais o texto da realidade do País.
Para
ambientar a série à cultura brasileira, o roteiro de Marília Toledo, Drika Nery
e Ricardo Inhan, com adaptação e texto final de Jaqueline Vargas, foi levemente
modificado. Exemplo disso foi a mudança do contexto que leva Breno Dantas a
procurar ajuda na terapia. Na versão norte-americana, Alex (Blair Underwood) é
um piloto de caça que bombardeia uma escola em Israel, matando diversas
crianças. Para o Brasil os roteiristas mudaram um pouco a história. Aqui,
Breno, é um atirador de elite da Polícia Militar que, em uma situação com
reféns, acaba por acertar um estudante.
Munido de
poucas câmeras, trilha sonora sutil e cenários discretos, a trama segura o
telespectador apoiada nas boas atuações e nos diálogos rápidos. “Esse é um
trabalho pensado para a performance do ator. Daí que a construção da emoção foi
fundamental”, sublinhou Mariana. Já Maria Fernanda Cândido resumiu sua
experiência como a de ter interpretado um personagem desconstruído, sem
máscaras. “Foi diferente de tudo o que já fiz até agora”, concluiu.
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