Nos últimos dois meses, assisti a seis filmes brasileiros nos cinemas, a maioria ainda em cartaz. Sem contar Quincas Berro D’Água, que já comentei aqui (e de que gostei muito).
VIAJO PORQUE PRECISO, VOLTO PORQUE TE AMO – Este filme com ares de documentário foi dirigido por Karim Anouz (Céu de Suely) e Marcelo Gomes (Cinema, Aspirinas e Urubus). A ideia é bastante interessante, pois o espectador vê as cenas pelo olhar do narrador, que nunca aparece. Ele é um topógrafo que faz uma viagem depois de levar um fora da mulher, mas tem esperança de que ela o aceite de volta. No percurso, vai interagindo com as pessoas que encontra. O filme fez bastante sucesso entre público e crítica, porém confesso que achei cansativo, embora curto.
UMA NOITE EM 67 – Este, sim, um verdadeiro documentário, e dos bons! Dirigido por Renato Terra e Ricardo Calil, retrata a final do Festival da Record em que a disputa era brava: Edu Lobo (o campeão, com “Ponteio”), Chico, Caetano, Gil e até Roberto Carlos (interpretando “Maria, Carnaval e Cinzas”). As imagens – que devem ter sido melhoradas – ainda estão ruins, mas passam para o público todo o clima de emoção daquela noite, em que aparecem também Os Mutantes e o MPB4. Se eu fiquei emocionada, imagino quem estava ali e ainda se vê nas cenas! O legal é que tem depoimentos atuais dos participantes, inclusive de Sérgio Ricardo, que, altamente irritado com as vaias que o impediram de cantar “Beto Bom de Bola”, protagonizou a famosa cena de atirar o violão ao público. IMPERDÍVEL!
DIZ CROQUETTES – Dirigido por Tatiana Issa (filha de um dos Dzi) e Rafael Alvarez, é um rico documento sobre o trabalho desses 13 homens que desafiavam a ditadura vestidos de mulher – porém sem se preocupar em se depilar ou tirar barba – e faziam grandes shows com coreografias criativas, a maioria do americano Lennie Dale. Tem depoimentos dos cinco que sobreviveram (oito morreram tragicamente) e de artistas que conviveram com eles na época, incluindo Liza Minelli, Betty Faria, Cláudia Raia, ex-Frenéticas e Ney Matogrosso, visivelmente influenciados por seu trabalho. BELÍSSIMO!
REFLEXÕES DE UM LIQUIDIFICADOR – O diretor André Klotzel está de volta nesta comédia de humor negro, que tem São Paulo como cenário. Uma dona de casa (a ótima Ana Lúcia Torre) denuncia o desaparecimento do marido. Solitária, um dia ela descobre que seu velho liquidificador fala, e faz “amizade” com ele. A voz é de ninguém menos que Selton Mello e a bela trilha, de autoria de Mário Manga, é executada por uma pequena orquestra. O clima de suspense começa quando o policial desconfia da mulher, e o espectador vai conhecendo a realidade pelas cenas de flashback. Aviso: o filme é leve, porém a certa altura exige bom estômago!
ANTES QUE O MUNDO ACABE – Da safra gaúcha, é dirigido por Ana Luiza Azevedo. Tem como maior mérito o ótimo elenco de jovens e a belíssima fotografia. Literalmente, porque o adolescente Daniel começa a receber fotos que o pai lhe envia do outro lado do mundo, vai montando seus mosaicos e passa também a fotografar sua vida simples numa pequena cidade, em que vive a primeira paixão. É bem agradável...
O BEM-AMADO – A história todo mundo conhece (e já falei dela em outro post). Guel Arraes tentou transpô-la para o cinema, perdendo a densidade dos personagens da novela, que tinha a seu favor duração bem maior. O elenco é ótimo, encabeçado por Marco Nanini. Porém, as cenas com o casal Caio Blat e Maria Flor (embora ótimos atores), que fazem o jornalista e a filha de Odorico, para mim seriam totalmente dispensáveis. Nessa linha, Quincas Berro D’Água é bem melhor!
PROGRAMA CASÉ – Ainda não vi, e é o próximo da minha lista. Vi o trailer e parece riquíssimo para contar a história desse radialista que impulsionou a MPB e que a nossa geração não conheceu, Ademar Casé, avô da Regina. E ela, aliás, se parece muito com ele. Contém depoimentos e cenas dele mesmo e de muitos artistas que conviveram com ele.
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
Sete filmes brasileiros recentes
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário