quinta-feira, 29 de julho de 2010

Histórica final do festival de 67 renasce nos cinemas

Wilson Santos/CPDoc JB
Chico Buarque defende ‘Roda Viva’, ao lado do MPB4

Uma boa recordação para quem conheceu e uma ótima oportunidade para quem nem ouviu falar sobre a final do histórico 3º Festival da Música Popular Brasileira, exibida pela Record em 21 de outubro de 1967.

Mais de 40 anos depois, o filme Uma Noite em 67 revela a alegria e a inquietação de quem protagonizou aquela ocasião, que marcaria a carreira de todos eles – e, por que não dizer, de toda a MPB.

Arquivos da TV Record e depoimentos atuais de quem esteve lá ajudaram a compor o documentário de dois cineastas de primeira viagem: o publicitário Renato Terra e o crítico de cinema Ricardo Calil.

Todos os famosos até hoje estavam lá: Chico Buarque – ao lado do MPB4, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Edu Lobo e Marília Medalha, Roberto Carlos, Sérgio Ricardo... Eles eram os finalistas do evento.

Na hora de colher depoimentos a respeito daquela histórica noite, que “era fundamental criar uma cumplicidade”, frisou Ricardo Calil. “Nós nos preparamos muito e tentamos ser delicados, respeitosos.”

Daí se veem momentos de intensa emoção. Um deles a cena em que Sérgio Ricardo é impedido pelas vaias de cantar “Beto Bom de Bola”, terminando por atirar o violão à plateia. “Ao ver o filme, assustei-me mais com suas revelações do que em me ver naquela agonia de não poder mostrar uma música”, diz o compositor, que acrescenta: “Me sinto de alma lavada”.

Salto da MPB – Além dos participantes do festival, há depoimentos de Ferreira Gullar, Chico Anysio, Arnaldo Batista e Martinho da Vila – este ficou fora do corte final do filme, mas a produção já promete um DVD mais completo.

Com muitas cenas de bastidores, o documentário transporta o público para a época de penteados vistosos, figurinos hoje considerados bizarros e até um modo de falar que não se usa mais.

Coproduzido pela Video Filmes e Record Entretenimento, o filme contou com o interesse da Record em facilitar o acesso às imagens de arquivo, sem as quais seria impossível realizá-lo. O pesquisador Antonio Venâncio garimpou apresentações do festival e entrevistas de bastidores. “Depois que as imagens foram selecionadas, fizemos um extenso trabalho para melhorar o áudio e a qualidade de cada frame”, conta Renato Terra.

O material era tão vasto que daria para fazer vários documentários, sobre outros festivais (de 1965 a 1972), com apresentações, por exemplo, de “A Banda” (Chico Buarque) e “Disparada” (Geraldo Vandré/ Theo de Barros), com Jair Rodrigues.

Para os cineastas, focalizar exatamente a final do 3º festival resulta do fato de aquela noite representar o nascimento de uma nova ordem na música brasileira, como o uso de guitarras elétricas – mesmo sob protesto dos próprios artistas –; as manifestações do público, como vaiar ou cantar junto; e a consagração dos compositores como seus próprios intérpretes, novidade para a época.

Fontes: Folha de S. Paulo e Portal R7

Mais informações sobre Uma Noite em 67, que estreia nesta sexta nos cinemas, no site oficial.

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