segunda-feira, 5 de julho de 2010

O poder dos coadjuvantes por excelência


Recentemente, assisti a dois filmes com o mesmo ator, o escocês Ewan McGregor. Aos 39 anos, faz tempo ele não é mais coadjuvante, mas desde o início da carreira ele mostra atuações sempre marcantes, mesmo em produções menos atraentes. É o caso de Golpista do Ano, que traz o famoso careteiro Jim Carrey (nada contra, gosto dele!) como protagonista. Neste, McGregor está loiríssimo, e é o companheiro do golpista Steven (Carrey), embora não compactue com suas tramoias. McGregor exibe uma interpretação contida, sem os famosos trejeitos que costumam estereotipar gays em filmes. Ele com certeza faz a diferença no filme em que Rodrigo Santoro faz outro pequeno papel em produção hollywoodiana.



Logo depois, vi Escritor Fantasma – um ótimo thriller, de Roman Polanski –,  em que McGregor é o personagem do título, contratado para escrever as memórias do famoso e polêmico político inglês Adam Lang (Pierce Brosnan). É aí que se observa a versatilidade do ator, em atuação completamente diferente, já que o personagem é bem mais proativo e complexo. Outro filme marcante da carreira do escocês é O Sonho de Cassandra (2008), de Woody Allen. Trainspotting é um dos mais famosos dele, e junto com Cova Rasa o revelou ao estrelato, consolidado com Moulin Rouge (2001) e Peixe Grande (2003), de Tim Burton, igualmente nada convencionais.

Pouco antes de O Escritor Fantasma, vi outro filme com Pierce Brosnan, Em Busca de Uma Nova Chance. O charmoso Brosnan é um dos melhores 007. Ele começou a chamar minha atenção desde que sua pequena aparição em Uma Babá Quase Perfeita (1993), em que fazia o namorado de Sally Field, ex-mulher de Robin Williams. Mas não é um ator de grandes nuances, tanto que no filme de Polanski é obscurecido por McGregor, e no Em Busca... toma “um banho” de interpretação de sua esposa na trama, Susan Sarandon. Aliás, Em Busca... é um tremendo dramalhão, em que a mãe não se conforma com a perda do filho adolescente num acidente. A beleza e a qualidade vêm justamente da atuação de Susan, e da jovem Carey Mulligan (premiada por Educação, que ainda não consegui ver), que sobreviveu ao acidente e surge, grávida, na presença dos pais do menino.


Chris Cooper e William Macy – Pertencentes à mesma geração, esses sim são coadjuvantes por excelência. Nada têm de bonitos, charmosos ou fortões, e quando ganham papéis de protagonista representam perfeitos vilões. Sempre roubam as cenas nos filmes em que aparecem, mesmo em participações pequenas. É o caso de Beleza Americana, Supremacia Bourne e O Encantador de Cavalos (Chris Cooper). Com ele, acabo de ver três filmes na TV, aos quais garante soberbo desempenho: Grandes Esperanças (de 1998, que revi, e é ótimo!), Vida de Casado (com Pierce Brosnan como o amigo mulherengo) e Quebra de Confiança (ambos de 2007), um thriller policial ao lado do também ótimo e sempre contido Ryan Phillipe.

Neblina e Sombras (1992, de Woody Allen), Mr. Holland (1995), Fargo (1996), Magnólia (1999) e Obrigado por Fumar (2005) são apenas alguns dos mais importantes filmes de que William H. Macy participou. Na TV, vi recentemente o até então para mim desconhecido Focus, em que, em plena Segunda Guerra, ele é um pacato gerente de RH cujos preconceituosos vizinhos julgam ser um judeu, principalmente depois de se casar com a personagem de Laura Dern (outra coadjuvante talentosa). O filme é bom, ao contrário do bobinho Motoqueiros Selvagens (2007), com ele, John Travolta, Tim Allen e Martin Lawrence como motociclistas veteranos que se metem em encrencas. Vale, aliás, pelo elenco, que garante boas risadas.

Confira todos esses títulos – veja ou reveja com atenção nesses atores –, depois me conte!

2 comentários:

Anônimo disse...

muito interessante o comentário. Faz a gente puxar pela memória para lembrar de todos os filmes citados, mesmo não tendo visto uma parte deles. Acompanhar você é difícil!

Laila Guilherme disse...

Caro Anônimo (pena que esqueceu de se identificar), comece a observar os coadjuvantes em qualquer filme. Citei esses dois porque realmente fizeram MUITOS e SEMPRE roubam as cenas. E há casos de coadjuvantes que colocam os atores principais "no chinelo", de tanto talento. Lembrando agora de outro, há Philip Seymour Hofman, que depois de muitas participações relativamente pequenas ganhou seu primeiro papel de protagonista em "Capote".