Como me tornei cinemeira

Abro o mês entrando, enfim, para o mundo da Blogosfera. Há tempos a ideia vem sendo sugerida por pessoas amigas, que gostam de ler comentários sobre filmes que envio às vezes por e-mail. Eu de fato nunca tinha pensado seriamente nisso: faltavam foco e tempo, pra não dizer disposição. Dá trabalho, as configurações todas e tais, que pra começar, servem...

Aqui vocês não verão poesias – pois não sou dada a isso. No máximo, comentários que lembrem de alguma forma uma crônica.

Falarei de vários assuntos, mas o principal serão, com certeza, os filmes.

Sim, porque, além de cinemeira, sou também televiseira. Desde pequena... Via seriados antigos (além dos óbvios Perdidos no Espaço, A Feiticeira e Jeannie, alguns que nunca mais passaram: As Sogras, Os Waltons, Havaí 5.0...)

Já gostava de filmes de terror tradicionais, sem a sanguinolência de agora, principalmente Drácula e os filmes do adorável canastrão Vincent Price. Já via seriados com episódios de Hitchcock e Além da Imaginação que, refilmados, nunca mais foram os mesmos... De desenhos eu era fã, também, em especial dos Flintstones, Jetsons, A Turma do Manda Chuva e Wally Gator.

Novelas via, também. Mas faz tempo... Pra vocês terem uma ideia, as últimas foram A Próxima Vítima e o remake de Éramos Seis!! Conheço atores da nova safra apenas de programas ou filmes. De alguns, vejo nomes em revistas e sites mas nem sei quem são... Famosos quem, mesmo?

Na TV vejo filmes e seriados, mas nada que pareça com novela, desses que tenham como conflito apenas as relações de amizade ou familiares (a não ser Two & Half Men, Frasier, Will & Grace... – que só fazem rir).

Gosto de programas de entrevista, mas nada do tipo debate. Por isso adoro o Canal Brasil, que tem programas que mostram a vida e as opiniões de artistas... vamos dizer assim... cabeça. De todas as épocas! Grandes compositores, músicos, atores, escritores, cineastas... Minha TV quase só conhece canais a cabo – dos quais, aliás, poucos se aproveitam. Nem passo perto de reality shows.

Mas o cinema, AH, O CINEMA!! Esse, pra mim é inigualável!

Desde pequena frequentava cinemas, primeiro em meu bairro, a Lapa, onde via desenhos na Sessão Zás Trás (Cine Tropical) e filmes épicos ou infantis. Hoje ainda vejo filmes infantis, mas épicos... zzzzzzzzzzzzz... me fazem dormir!!

Foi na Lapa, onde era o antigo Olympia da Rua Clélia – que depois virou uma “suspeita” casa de shows –, que vi com minha turma, no então Cine Nacional, o filme Dona Flor e Seus Dois Maridos. Com carteirinha falsificada e tudo!!

Os grandes cinemões do centro eu conheci, mas não posso dizer que tenham me marcado. Lembro que ia bastante com minha irmã mais velha ao Regina, ao Metrópole, ao Comodoro e ao Esmeralda, nas Perdizes, no pé do Minhocão, que virou Center Fabril – instalado lá até hoje.

Adolescente, passei a frequentar os cinemas de arte, no seu auge nos anos 70 e começo dos 80: Arouche (quem diria?), Bijou (na Praça Roosevelt), Vitrine (que até há poucos anos funcionava com (alguma) galhardia numa galeria da Rua Augusta e Lumière, ao qual nunca fui depois que virou UOL. Ia muito aos então novíssimos Gemini – que hoje tenta sobreviver numa galeria da Paulista, com sessões variadas de filmes em fim de carreira – e Top Cine, do outro lado da avenida, no Top Center, que fechou há pouco.

O hoje Espaço Unibanco, com suas três salas (as duas que chamo carinhosamentede “quintal”, do outro lado da Augusta, foram criadas depois) era o pomposo Majestic (reparem na fachada, visível depois do Cidade Limpa), que, como seu grande irmão Comodoro, da Avenida São João, tinha tela em formato Cinerama, que punha no chinelo qualquer widescreen de hoje. Foi lá que vi The Song Remains The Same, com Led Zeppelin, que hoje tenho em DVD.

Não vou me alongar tanto para um primeiro post. Mas deixo, pelo menos, o comentário de um dos filmes que vi ontem no Belas Artes (esqueci dele, conheço há décadas também – e me recuso a chamar de HSBC...): o francês Enquanto o Sol não Vem, dirigido e protagonizado por Agnès Jaoui. O ator Jean-Pierre Bacri, rosto conhecido das telonas, Jean Pierre Bacri é um jornalista que tenta produzir um documentário sobre mulheres de sucesso. Escolhe como primeira personagem a arrogante escritora feminista Agathe, por sugestão de Karim, seu assistente – e na verdade o mais cabeça da dupla –, o promissor (Debbouze), já que Agnes crescera sob os cuidados da mãe dele, uma governanta argelina. Chuvas, desencontros, romances às escondidas, brigas, tudo vem atrapalhar as filmagens. Um filme leve e agradável, nada mais...