terça-feira, 22 de setembro de 2009

Um dia por ano sem carro: adianta?



A primavera está começando justamente num dia chuvoso, pelo menos em São Paulo. Num dia como esse, quem tem carro e precisa sair dificilmente sai a pé ou de condução. Além do mais, de que adianta um dia só sem carro, durante o ano todo? Agora mesmo vejo uma reportagem na TV confirmando o óbvio: se todos resolvessem deixar o carro em casa, não haveria condução para todos! Bem, havia espaço para o prefeito Kassab, que um dia por ano sai sem carro...

O que precisa é de educação e bom senso – e não só no Dia Mundial Sem Carro – para aquelas pessoas que vão de carro a dois ou três quarteirões de casa ou do trabalho! Andar a pé é bom e, muitas vezes, mais rápido do que de carro. E mais: andar de condução, como bem disse ainda agora a Silvia Poppovic em seu telejornal na Band, não é coisa de pobre, como brasileiro pensa. Você já reparou que, em filmes passados em NY, Londres ou Paris (só para citar três exemplos de cidades), pessoas de todas as classes e profissões andam muito a pé?

Vagas para deficientes

Nem vou aqui usar o termo dito politicamente correto, “portadores de deficiência”, pois já li também um questionamento a respeito: portador é aquele que pode transmitir uma doença. Enfim, até para simplificar, vou usar duas palavras a quem vou me referir: deficientes físicos.

Veja a que ponto chegamos. No início de setembro, a imprensa divulgou a assinatura de acordo entre shoppings da capital paulista, Ministério Público Estadual e Prefeitura de São Paulo. Isto porque os “educados” motoristas da cidade não respeitam as vagas de estacionamento reservadas para deficientes. Com a desculpa de que “ninguém está usando” ou “são só alguns minutos”, o abuso é geral. O pior é que nem todos os shoppings da cidade quiseram assinar o termo, talvez para não se indispor com seus mal-educados clientes. A Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida quer, agora, estender o rigor da fiscalização a vagas exclusivas em supermercados, bancos e faculdades.

Sobre esse assunto, indico o programa da vereadora Mara Gabrilli na Rádio Eldorado, Derrubando Barreiras. E também o blog Derrubando Barreiras Acesso para Todos. Ouça, em especial, a emocionante entrevista com o pianista Marcelo Bratke – que só voltou a enxergar aos 44 anos (ele está com 49), após uma cirurgia. Imagine que, por muito tempo, ele simplesmente FINGIU enxergar, por medo de preconceito. Mas encontrou grande apoio nas instituições europeias em que estudou...

Veja também o site do pianista e, ainda, sua interpretação de Prelúdios de Gerswin.

5 comentários:

Guilhermino disse...

Laila, vagas para deficiente e idosos devem ser uma questão educativa. Criar leis nesse sentido é inconstitucional, pois ninguém pode ser discriminado por idade ou deficiencia, portanto uma lei acaba sendo um preconceito ao contrário, ou seja vaga para idoso acaba sendo um preconceito etário com mais jovens.

Laila Guilherme disse...

pois é, Gui, com ou sem lei, o desrespeito é geral, infelizmente...

Unknown disse...

Campanhas educativas seriam uma obrigação, antes de se implantar qualquer lei punitiva. Mas a opção sempre foi pela indústria da multa, muito mais rentável. Em relação aos deficientes (e meu marido era), acompanhei por muitos anos sua batalha, com pouquísismas vitórias. São necessidade reais que, diante de tanto descaso humano, qualquer lei que venha amenizar, minimamente que seja, o problema é sempre muito bem-vinda.

Laura Fuentes disse...

Fiquei chapada. Bem no Dia Mundial sem Carro acordei e o que vi da janela foi um grande congestionamento. Não adianta, o povo não se toca!
Ah, linkei teu blogue no meu.Leitura obrigatória!

Laila Guilherme disse...

Brigada, Laurinha. São Paulo não tinha nem esquema para o Dia Sem Carro. E, com chuva que o pessoal não deixa mesmo o carro na garagem.

Vi: educação em geral é o que falta ao povo, e não creio que só o brasileiro. Já viu no metrô, a qualquer hora, a correria na plataforma, não importa quem esteja na frente? Isso porque tem trens a cada minuto!